Pular para o conteúdo
BRASIL

Alianças eleitorais confirmam projetos distintos na esquerda

Editorial de 01 de agosto de 2018
Geraldo Magela / Agencia Senado

No último final de semana, PT definiu sua política de alianças em vários Estados, unindo-se a golpistas

No Ceará e no Piauí, Estados onde o PT governa, com Camilo Santana e Wellington Dias, respectivamente, chama atenção a decisão de abrir mão da reeleição de seus atuais senadores, para apoiar candidaturas do MDB.

No Ceará, a direção do PT abriu mão de buscar a reeleição de seu senador José Pimentel para apoiar a candidatura de Eunício Oliveira (MDB), atual presidente do Senado, um dos articuladores do golpe do impeachment e um dos grandes aliados de Temer.

No Piauí, o PT definiu que não vai disputar a reeleição de sua atual senadora, Regina Sousa, para apoiar a candidatura de Marcelo Castro (MDB).

Em Alagoas, foi ainda pior, pois a direção petista resolveu apoiar a reeleição de Renan Calheiros (MDB-AL) ao Senado e a reeleição de seu filho para o Governo do Estado.

Na Bahia e em Minas Gerais, onde também o PT está nos governos estaduais, com Rui Costa e Fernando Pimentel, também foram construídas alianças com partidos da velha direita, que na sua maioria  apoiaram  o impeachment de Dilma.

O PCdoB está presente em todas estas alianças regionais. E, no Maranhão, onde governa, patrocina a mesma política de alianças, que inclui até o DEM.

Junto com a dita “política de alianças amplas”, vem o rebaixamento programático, a velha máxima de “governar para todos”, que na verdade oculta a verdadeira política de governar sem tocar nos interesses dos ricos e poderosos, apoiando-se em políticas sociais compensatórias.

Poderia ser diferente? Sim poderia, mas para isso a direção do PT deveria ter tirado as lições dos graves erros de seu projeto de poder. Principalmente, mudar a política de conciliação de classes que, em última instância, explicam inclusive o desfecho trágico de seus governos, com o golpe parlamentar do Impeachment. Nunca devemos esquecer que Temer era o vice de Dilma.

As decisões deste fim de semana, tanto do PT como do PCdoB, demonstram nitidamente as grandes diferenças de projeto e a impossibilidade de unificação em uma mesma candidatura para as eleições de 7 de outubro.

Outro caminho é possível e necessário
Na contramão da velha prática de alianças “com o andar de cima”, vemos se fortalecer uma nova alternativa de esquerda e do povo trabalhador, através da pré-candidatura presidencial de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara.

Esta alternativa é construída a partir de uma frente política e social inédita em nosso País, unificando partidos de esquerda como o PSOL e o PCB com movimentos sociais combativos como o MTST, APIB, entre outros.

No último sábado (28), Boulos e várias lideranças do PSOL do Rio de Janeiro estiveram presentes no Festival Lula Livre, na Lapa, Rio de Janeiro.

No próximo dia 10 de agosto, estaremos juntos novamente nas ruas, na construção do dia nacional de lutas e mobilizações, convocado pelas centrais sindicais, para dizer basta a todos os ataques do governo ilegítimo de Temer.

Estamos convictos da necessidade da mais ampla unidade para lutar contra o golpe e todos os seus ataques aos direitos sociais e as liberdades democráticas.

É fundamental, ainda mais em um momento em que o neofascismo mostra as garras, uma ampla unidade entre todos os movimentos sociais e partidos como PT, PCdoB, PSOL e PCB em torno de uma frente em defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais. A confiança que se depositou no Judiciário mostrou-se um desastre, da mesma forma que a expectativa e alianças com setores burgueses, que participaram do golpe. A única saída é a mobilização das massas nas ruas, acima dos cálculos eleitorais.

Mas, com a mesma energia, é necessário e urgente apostar em uma nova alternativa de esquerda e do povo  trabalhador, que nas eleições se expressa na construção da pré-candidaturas de Boulos e Guajajara.

É a hora de construir uma nova esperança de esquerda, uma alternativa que não tenha medo de colocar o “dedo na ferida”, que de fato mexa nos privilégios das grandes empresas e bancos, um governo realmente da maioria, para construir as mudanças que nosso país precisa e que o povo trabalhador, a juventude e o conjunto dos explorados e oprimidos tanto necessitam.

Vamos, sem medo de mudar o Brasil.

 

FOTO: Renan Calheiros e Eunicio Oliveira, do MDB. Geraldo Magela/Agência Senado

 

LEIA MAIS

PT e MDB, de mãos dadas novamente em Alagoas

 

Marcado como:
eleições 2018 / pt