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BRASIL

Manuela (PCdoB) errou ao ir na sabatina do comandante-geral do Exército

Por: Rodrigo Cláudio, de São Paulo, SP*

O PCdoB é um partido que tem história, tradição e heróis da luta do povo brasileiro. Por mais diferenças táticas e estratégicas que tenho com eles sempre tive respeito pelo passado de luta e de sangue em defesa do povo brasileiro. Particularmente, a saga daqueles que entregaram sua vida contra a ditadura militar na Guerrilha do Araguaia, os que morreram no cárcere submetidos a tortura cruel do regime militar e a memória dos dirigentes cruelmente assassinados pela chacina da Lapa, em 1976. Pedro Pomar, Oswaldão, Mauricio Grabois, Angelo Arroyo e muitos outros estão inscritos na história dos “de baixo”, nunca esqueceremos as suas mortes, não foi em vão.

Ontem, infelizmente, não para a minha surpresa, a pré-candidata Manuela (PCdoB), que tem feito uma importante campanha dando voz à luta das mulheres e dos oprimidos, cometeu um grave erro político. Participou da sabatina organizada pelo General Villas Boas com os pré-candidatos à Presidência da República. Não foi a única a cumprir este papel, Haddad (representando Lula) e Ciro Gomes também estiveram presentes em outros momentos.

Já sabíamos das relações privilegiadas que o PCdoB tinha com a cúpula das forcas armadas. Aldo Rebelo foi ministro da defesa durante quase dois anos e era nome com trânsito forte e de confiança do alto-comando militar.

Ocorre que o Brasil mudou depois do golpe parlamentar de 2016. As forças armadas saíram das casernas( ou será, que nunca entraram?) e tem participado ativamente dos principais acontecimentos políticos do país desde então. O próprio comandante-geral Villas Boas soltou nota pública em tom de ameaça na véspera de um julgamento do STF que poderia favorecer Lula e evitar sua prisão. Estamos presenciando militares voltarem a vida política defendendo o período da ditadura militar, a intervenção militar como uma saída política quando a “democracia”está ameaçada e muitas outras manifestações. Não podemos esquecer de Bolsonaro e sua relação com uma parte das forças armadas.

A ida de Manuela como pré-candidata do PCdoB ao encontro do comando das forcas armadas é legitimar um papel político para as forcas armadas que não podemos admitir. Foi um grave erro.

*Membro da Executiva Nacional do PSOL

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Manuela / pcdob