A escalada da guerra comercial pode precipitar uma crise global de enormes proporções. Após impor taxações na ordem de 100 bilhões de dólares em importações pelo mundo e ameaçar a China com novas tarifas de US$ 200 bilhões, Donald Trump mantém a ofensiva comercial, provocando a ira até mesmo de tradicionais aliados.
Na segunda-feira (16), os Estados Unidos recorreram à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra China, União Européia, Canadá, México e Turquia, alegando que tarifas desses países, no valor de US$ 67 bilhões, anunciadas em retaliação às taxações norte-americanas, ferem tratados internacionais de comércio. A China fez o mesmo: acionou a OMC contra as tarifas dos EUA. Diante deste cenário explosivo, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu aos Estados Unidos, China e Rússia que “evitem o conflito e o caos”.
Os desdobramentos da guerra comercial são imprevisíveis, mas os prejuízos iniciais começam a ser calculados. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou, em relatório publicado também na segunda (16), que o conflito comercial ameaça o crescimento mundial e afeta a confiança de investidores. Segundo o FMI, o custo da disputa pode chegar a 430 bilhões de dólares até 2020, o que equivale 0,5% do crescimento econômico global.
Efeitos sobre o Brasil
Embora alguns setores empresariais possam se beneficiar no curto prazo, por conta da abertura de mercados na China e no EUA, como é o caso dos produtores de soja, os impactos negativos sobre o conjunto da economia nacional são inevitáveis.
A guerra tarifária provoca turbulência nos mercados globais, estimulando fuga de capitais do país, e pode diminuir tanto a demanda como os preços dos principais artigos de exportação brasileiros, como minério e grãos. Em suma, a já enfraquecida economia brasileira sofrerá ainda mais com o conflito internacional.
Tensões globais aumentam
A guerra comercial em curso é mais um sintoma de desequilíbrios crescentes na ordem mundial após a profunda crise econômica capitalista de 2008.
Como reação ao declínio relativo dos Estados Unidos no último período histórico, o governo Trump aciona uma série de políticas que solapam pilares do atual sistema internacional de Estados.
A ruptura e revisão de tratados de livre comércio, o enfrentamento com aliados tradicionais no âmbito militar e econômico e políticas agressivas para conter o crescente poderio da China são algumas das demonstrações da linha adotada pelo governo norteamericano.
E é precisamente neste contexto que devem ser compreendidas as declarações bombásticas de Trump contra aliados europeus, em particular contra a Alemanha, na cúpula da OTAN na última semana.
O imperialismo estadunidense – a maior superpotência econômica e militar global – mostra as garras e busca recuperar terreno perdido. O objetivo principal é reafirmar a supremacia ianque e evitar que novos e velhos rivais ocupem espaços econômicos e geopolíticos.
Com choques inter-imperialistas se intensificando, nuvens carregadas se avolumam no horizonte. Neste cenário de tensões internacionais crescentes, a classe trabalhadora e os oprimidos de todo mundo podem esperar o aprofundamento dos ataques sociais, econômicos e democráticos. A resistência unificada e a solidariedade internacional seguem sendo o caminho para enfrentar a ofensiva imperialista.
Foto: Donald Trump com presidente chinês Xi . | White House
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