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Alianças eleitorais e a luta contra o golpe

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Nas próximas semanas, acontecerão as convenções partidárias. Estarão no centro das atenções as convenções nacionais dos partidos, que definirão as chapas presidenciais e as composições políticas para as eleições de presidente da República.
Novamente, vamos assistir à conformação de alianças políticas espúrias, onde os interesses da maioria da população, mais uma vez, ficarão de lado. Na maioria dos casos prevalecem os interesses dos 1% mais ricos e poderosos, ou seja, dos grupos econômicos hegemônicos e da elite política podre e privilegiada.
Este verdadeiro “balcão de negócios” é um dos elementos que explicam o esgotamento e a crise do regime político brasileiro atual, chamado de “presidencialismo de coalisão”.
Infelizmente, partidos que se reivindicam de esquerda não se diferenciam muito no quesito das alianças políticas, muitas vezes firmando acordos com partidos e políticos da velha direita, que representam diretamente os interesses das grandes empresas e bancos.
No dia 7 de outubro, teremos as primeiras eleições nacionais depois da manobra reacionária do Impeachment da ex-Presidenta Dilma (PT).
A questão do golpe parlamentar deveria ser um “divisor de águas” na conformação de bloco políticos para as próximas eleições. Mas, lamentavelmente, não é a isso que estamos assistindo.
Golpistas não merecem perdão
A direção do PT vem demonstrando que não tirou nenhuma lição dos erros de suas alianças de governo e do golpe do Impeachment. Nunca podemos esquecer que Temer era o vice de Dilma. 
Em estados importantes como Minas Gerais, Bahia, Ceará, onde o PT mantém os governadores – Fernado Pimentel, Rui Costa e Camilo Santana, respectivamente – e outros como Alagoas, entre outros, a direção do PT negocia alianças estaduais com partidos da velha direita e que foram patrocinadores do golpe. Até o MDB de Temer é parte do arco alianças proposto pela direção do PT. 
Infelizmente, neste mesmo sentido, no Maranhão, onde o governador é Flávio Dino, do PCdoB, a direção deste partido vai tentar manter uma aliança eleitoral com partidos da velha direita.
Nas discussões sobre as eleições presidenciais o critério é o mesmo. Mesmo com a manutenção da condenação sem provas, a prisão e o impedimento da candidatura presidencial de Lula, a direção do PT não rompe seu projeto de conciliação de classes.
O PT podia romper suas alianças com os partidos golpistas e da velha direita, apostando na unidade para lutar, chamando mobilizações contra os ataques aos direitos sociais e as liberdades democráticas. Mas, a opção dos petistas vai em outro sentido.
Por exemplo, setores do PT, assim como PCdoB, discutem a possibilidade de um acordo eleitoral com Ciro Gomes (PDT-CE), político de longa trajetória, historicamente filiados a partidos da velha direita (Arena, PMDB, PSDB, entre outros).
Ciro já vem se comprometendo com uma política econômica que mantenha intactos os interesses do mercado e já está discutindo uma aliança com partidos do chamado “centrão”, como DEM, PR, Solidariedade, PRB, entre outros. 
Tanto o PT, como o PDT disputam também o apoio do PSB, partido aliado histórico do PSDB de Alckmin no Estado de SP. Seus parlamentares, inclusive, majoritariamente votaram a favor do Impeachment de Dilma. 
A direção do PT cogita até reeditar a aliança eleitoral com o PR (ex-PL), agora com o filho do empresário José de Alencar como candidato a vice-Presidente. 
Coerência na luta contra o golpe
Na contramão de acordos políticos com a velha direita e as grandes empresas, vem se fortalecendo, a cada dia, uma nova alternativa política do povo trabalhador.
Ao contrário de alianças eleitorais espúrias, surge uma frente política e social inédita, formada apenas por partidos de esquerda e movimentos sociais combativos, com ampla participação dos ativistas na discussão  do programa da campanha.
Apostamos prioritariamente na luta e organização do nosso povo, para enfrentar o golpe e as medidas recionárias do governo ilegitimo de Temer. E, nas eleições, a nossa aliança será com o povo trabalhador, a juventude e o conjunto dos explorados e oprimidos.
As pré-candidaturas de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, para Presidência da República, será lançada conjuntamente pelo MTST, PSOL, PCB, APIB e varios outros movimentos sociais e organizações de esquerda.
O compromisso da campanha de Boulos e Guajajara é colocar o MDB e todos os golpistas na oposição, defendendo um programa que coloque realmente o “dedo na ferida”, enfrentando os privilégios dos ricos e poderosos de sempre.
Vamos, sem medo de mudar o Brasil!
Foto: EBC