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EDITORIAL

B de Bissexual

Por: Venâncio Favero, de São Paulo, SP

É preciso falar da bissexualidade. É preciso falar da bissexualidade porque ainda vivemos em um mundo e em uma época onde não está clara sua existência. No entanto, o bissexual existe e é aquele que não estabelece distinções afetivas entre os gêneros, ou aquele que se sente atraído por mais de um gênero.

É como se, a todo momento, a imagem do bissexual fosse inviabilizada, tratada como algo que não existe. Esse é um movimento próprio da heteronormatividade. Para se afirmar, suprime. Esse movimento de supressão acontece porque é impossível provar uma máxima por sua negativa e, uma vez que a heteronormatividade impõe ao heterossexual que a todo momento prove ser hétero, que reafirme sua heterossexualidade, então aí é preciso que a bissexualidade seja tratada como algo que não existe, pois, se não fosse assim, seria impossível que a heterossexualidade se provasse de forma certa e segura, e portanto se reafirmasse tal como se pretende.

Pela visibilidade Bi
Tanto é comum o apagamento da existência dos bissexuais que chega a ser difícil citar um personagem de filme, por exemplo, que seja bi. A bissexualidade nunca é uma sexualidade trabalhada em filmes, em novelas, séries, seriados. Os personagens são, em geral, monossexuais, e as obras quando retratam o bissexual às vezes retratam de forma deseducativa, na maioria das vezes depreciadora, duvidativa, e até mesmo misógina, principalmente em relação a mulheres, que muitas vezes enxergam sua bissexualidade ser transformada em fetiche masculino pelo machismo e pelo patriarcado.

É preciso falar em bissexualidade para que as pessoas bissexuais entendam que não estão sozinhas, que não estão confusas, que não são “meio gays”, nem “meio héteros”, que não sabem o que quer, que ainda não saíram do armário ou que só estão com safadeza, ou tantos outros jargões sem sentido que ouvem por aí. Falar em bissexualidade é mais importante do que parece, pois é falar que nem todas as pessoas se enquadram nessa
estrutura de sociedade que quer empurrar a monossexualidade e o binarismo de gênero como as únicas formas de relacionamento e de amores existentes.

Foto: Alexandre Borges no Flickr em CC

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lgbt / opressões