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Especiais
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A volta do Camisa 9

Por: Diogo Xavier, para o Lateral Esquerda

A Copa do Mundo é uma base para o que se vê de futebol de 4 em 4 anos e as tendências do futebol mundial aparecem geralmente através desses torneios. Os dois últimos mundiais consagraram a ideia do “Falso 9”, expressão cunhada por Pep Guardiola, que fez um estilo de jogo sem um centroavante fixo. A Espanha, campeã do mundo na África do Sul em 2010, espelhou o estilo de jogo barcelonista e a ausência de um camisa 9 clássico.

Na Copa de 2014, no Brasil foi à Alemanha sem um centroavante fixo (embora o Klose fizesse esse papel em determinados momentos) e deu continuidade a essa lógica de jogar sem uma referência lá na frente. A Copa de 2018 está sendo justamente a antítese dessa ideia até aqui. Seleções vêm jogando com atacantes de referência e estes vêm marcando muitos gols.

Na evolução da tática no futebol, as mudanças são constantes e surgem para destruir o que o adversário propõe. Nesse sentido, as defesas com 5 homens postados atrás surgiram para combater o falso 9 que atuava no meio das linhas de marcação. Como resposta, a volta do atacante de referência fez as seleções mudarem para duas linhas de 4. É um ciclo de respostas ao que o adversário propõe, serve para mostrar que sempre que surge a ideia de que algo “acabou”, ele pode apenas estar esperando a sua hora de retornar. Para os centroavantes a hora é essa.

Espanha

A seleção Espanhola foi a referência em não utilizar alguém enfiado entre os zagueiros na Copa de 2010. Nessa edição, colocou o piauiense Diego Costa, que faz essa função de pivô e é dele 3 dos 4 gols da Fúria até aqui. Mostrando que mesmo o time que se caracterizou por muitas trocas de passe em um mundial com defesas tão fechadas, precisou de um homem de área para brigar pelas bolas e fazer gols até de rebatidas, como foi o caso do tento que definiu o placar contra os Iranianos.

Essa mudança proposta na Espanha mostra também como os ciclos se acabam. Xavi e Iniesta faziam a dupla que dava o ritmo ao meio de campo Espanhol, Xavi já se aposentou e Iniesta não aguenta mais os 90 minutos, precisando assumir uma responsabilidade maior como assistente do que armador do campo todo. As mudanças fizeram da Espanha uma das favoritas ao título e um dos melhores times atuando até aqui, mesmo com a queda do treinador Lopetegui dois dias antes da estreia no Mundial.

França e Alemanha

As duas seleções que mostraram um estilo de jogo diferente e com boas apresentações nos últimos anos tiveram que moldar o seu estilo durante o mundial. Os franceses começaram contra a Austrália, apostando em um ataque muito rápido com Dembele-Griezman-Mbape e tiveram uma atuação muito abaixo na partida. Na segunda rodada, a entrada do Giroud, um típico centroavante, fez a seleção ter mais mobilidade e criação de espaços que fizeram o jogo contra o Peru ser muito melhor e o placar de um a zero não refletiu o domínio Francês.

Já os atuais campeões mundiais tiveram que apelar para o conhecido Mario Gomez, atacante da velha escola alemã, de cruzar muitas bolas na área. Foi fundamental para a melhora do time, já que o jovem Timo Werner atuou muito melhor contra a Suécia no segundo tempo, onde caiu pela ponta esquerda. O treinado Joachim Low vai ter que melhorar a efetividade do ataque, pois precisa vencer na última rodada e o time até aqui foi ineficiente contra o México e precisou de uma bola parada do Toni Kross na última jogada para vencer os Suecos. O posicionamento dentro da área será crucial para os alemães conseguirem evitar o vexame de não passar da primeira fase.

O dilema de Jesus no Brasil

A seleção Brasileira não foi bem nos dois primeiros jogos da Copa e Gabriel Jesus teve uma participação pouco perceptível, mas em contrapartida o camisa 9 da seleção canarinho é o pivô que o técnico Tite tanto procurou e que nenhum outro jogador dos 23 convocados consegue fazer essa função. Firmino é um jogador que se notabilizou fazendo a função atrás do atacante (desse jeito joga no Liverpool e entrou contra a Costa Rica) e todos os outros atacantes convocados são jogadores de lado de campo. Jesus precisa render mais e o técnico tem de achar melhor localização para ele, mas no momento para o que pensa o treinador é essencial para abrir espaços e fazer o pivô dentro da área adversária. Cumpre uma função tática no ataque que ninguém mais consegue fazer.

Homens Gol da Copa

Até o fim da segunda rodada, a Copa tem como principais artilheiros Harry Kane da Inglaterra, com 5 gols, e Lukaku e Cristiano Ronaldo, com 4 gols. Cristiano apesar de fazer uma função um pouco diferente na seleção do que faz no Real, de ser o jogador do último toque na bola, construiu 3 dos seus 4 gols de bola parada como um centroavante que abre espaços para isso. Lukaku é um grande e ágil camisa 9 que faz o ataque Belga ser muito potente. Apesar de enfrentar seleções fracas, conseguiu mostrar seu potencial e abrir seu repertório com gols de várias formas. Kane atua na seleção Inglesa como no Tottenham, de ser a referência no ataque e colocar a bola para dentro, como foi o gol salvador contra a Tunísia no final do jogo.

O restante da Copa vai ter o aumento da necessidade de propor o jogo de muitas equipes por conta do mata-mata. Chegou o momento de definição e é justamente onde as equipes vão precisar melhorar o seu desempenho e ajustar os erros do início do torneio. Veremos novas saídas táticas e busca por soluções da forma como a partida exigir.

Ainda resta metade da Copa do Mundo.

Saiba mais sobre a Copa do Muno da Rússia no Lateral Esquerda, especial do Esquerda Online:

https://www.esquerdaonline.com.br.br/a-lateral-esquerda