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A vitória de Senegal e o racismo estrutural no futebol

Por: Rodrigo Juazeiro, de Salvador, BA

Conforme previsto na coluna de Noraldino Neto, para o Lateral Esquerda, em “O melhor da África pode estar por vir: Senegal”, o melhor da África apareceu no último jogo pela primeira rodada do mundial. A seleção de Senegal foi a única seleção do continente africano a vencer um jogo nesta Copa da Rússia até agora.

No futebol apresentado dentro de campo, certamente Polônia 1 x 2 Senegal não foi o melhor jogo de se assistir do mundial. Contudo, a primeira vitória de uma seleção africana nesta Copa chamou atenção para um fato presente fora das 4 linhas, mais especificamente na área técnica da seleção senegalesa. O seu técnico Aliou Cissé, ex-capitão de Senegal em sua única participação em copas até aqui, quando a seleção conseguiu chegar até às quartas de finais em 2002.

Cissé é o único técnico negro dessa Copa, o mais jovem e também o treinador que ganha menos dentre todos os 32 técnicos.

É raro ver negros em posição de comando na sociedade. Estruturalmente já se “convencionou” que posições de comando, ou que exijam um maior grau de responsabilidade, não podem ser ocupadas por negros. Esta questão não é uma mera coincidência, trata-se de racismo estrutural, que também se reflete no futebol.

Certamente, todos nós conseguimos citar diversos jogadores negros de sucesso e talento inquestionáveis. Porém, o mesmo não pode ser dito quando se trata de técnicos de futebol. E observe-se que, em geral, o técnico de futebol é um ex-jogador.

Por que será que há poucos treinadores negros, sendo que no futebol há diversos jogadores negros de talento? Não há outra resposta a isso que não seja o racismo estrutural. É importante que possamos observar mais uma das cruéis facetas do racismo, mostrando que este não se manifesta apenas de uma forma explícita, como jogar bananas em campo, ou com gritos de macaco contra jogadores negros.

Nas últimas três Copas do Mundo, das 17 seleções africanas, apenas 3 delas foram treinadas por técnicos negros: em 2014 as seleções da Nigéria (Stephen Keshi) e Gana (James Appiah) e agora a seleção de Senegal treinada por Aliou Cissé.

Portanto, adotar a seleção de Senegal como aquela segunda seleção que todo amante do futebol tem, é também torcer pela derrota do racismo estrutural no futebol.

Avante, SENE, SENE, SENE, SENE, SENEGAL!