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Geopolítica e diplomacia na abertura da Copa do Mundo

Por: Diogo Xavier, para o Lateral Esquerda

A abertura da Copa é um evento esperado por milhões de fãs de futebol pelo mundo, mas uma cena chamou a atenção. Nas tribunas de honra do Estádio Lujniki, em Moscou, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, se confraternizava com o Príncipe Saudita Mohammed bin Salman.

Rússia e Arábia Saudita estão em lados opostos no conflito da Síria, que já perdura mais de sete anos. Enquanto o Kremlin apoia Bashar al-Assad, a família Saud financia a oposição e grupos terroristas como o Estado Islâmico, querendo a derrubada de Assad. No entanto, a aproximação com a Rússia é também estratégica para os interesses sauditas e o príncipe tido como renovador tem cumprido a missão de estabelecer laços com países que não possuem relações.

O Oriente Médio é o maior campo de conflito entre as duas potências. Além da Síria, as disputas com o Irã e a questão do petróleo são temas recorrentes de discordâncias entre dois dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Uma possível aliança seria uma grande ameaça ao governo norte-americano, tendo em vista que a Arábia Saudita é o maior aliado dos americanos na região e cumpre um papel estratégico tanto militarmente, quanto na exportação de petróleo a preços módicos, pois é o país que tem o menor preço de produção da commoditie. Essa necessidade de estabelecer laços com países do Golfo Pérsico é tida como estratégica para o Kremlin pela necessidade de expandir o seu poder além de suas fronteiras. Com a afirmação da Rússia como uma potência global e que disputa mercado internacional com EUA e China, torna-se imprescindível a busca de parceiros na região para quebrar a hegemonia norte-americana e conseguir fazer uma aliança com grandes produtores de petróleo e gás.

A troca de acenos foi ‘abençoada’ e mediada pelo presidente da FIFA Gianni Infantino, que assumiu a entidade em 2016, depois do FIFAGATE, prometendo que não iria usar a FIFA para fins políticos, mas seguindo uma tradição que vem de muito longe. Com o João Havelange, a Copa do Mundo se transforma num palco para que líderes políticos possam fazer uma bela propaganda dos seus países e aumentar seu poder no mercado internacional.

A condição perfeita para um encontro diplomático, sublimado por um evento global, aconteceu sem que os líderes precisassem responder perguntas de cunho político e aparentando estarem apenas assistindo a um jogo de futebol. Russos e Sauditas viram na Copa do Mundo a oportunidade de estabelecer laços e possivelmente fechar acordos num momento de tensão na Península Arábica e de incertezas no plano político internacional.

A goleada da Seleção Russa, maior goleada desde 1954 numa estreia de Copa, com certeza não será motivo para desavenças.

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copa do mundo / futebol