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BRASIL

Unb amanhece de luto

Por: Lucas Pitta Klein, de Porto Alegre, RS*

Brasília(DF), 24/11/2016 – Fotos de fachada da Unb – Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Uma estudante da Universidade de Brasília (UnB) se jogou de uma altura de 15m de uma caixa d’água no campus Darcy Ribeiro, nesta terça-feira (04/06). No Facebook, a estudante chegou a manifestar o desejo de tirar a própria vida: “Parabéns para vocês que ficam. Só os fortes sobrevivem aqui. Se sintam vitoriosos todos os dias”.

Isso só mostra o quanto as universidades brasileiras (o que não é tão diferente pelo mundo) são desumanizadas, fruto da construção de uma elite dependente e ludibriada pelo sistema acadêmico de modelo produtivista e que não leva em conta as condições objetivas e subjetivas pelas quais passam os estudantes em sua diversidade – radicalmente acirrada pelo sistema de ações afirmativas que visaram democratizar o acesso. Principalmente no aniversário de 15 anos das cotas na Unb (abril de 2004-2018), que foi a primeira federal do país a adotar o modelo, é preciso refazer a pergunta: no que esta e outras instituições de ensino superior avançaram na questão dos cuidados com a saúde mental da sua população universitária e educacional?

Tenho certeza que todos nós aqui já vimos mensagens de conhecidos nas redes sociais incitando o próprio suicídio. Ou seja, não é algo descolado da realidade cotidiana de todos nós. Eu, por exemplo, também tive a experiência de uma pessoa querida muito próxima e sei, ainda que minimamente, o que é este sofrimento.

Levando para o plano mais geral sobre os suicídios:

– 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente no mundo (uma a cada 40 segundos)
– 11 mil destes acontecem no Brasil (1 a cada 45 minutos).
– O Brasil é o oitavo país com maior nº de suicídios no mundo.
– O Brasil tem o maior índice de depressão na América Latina.
– A taxa de suicídios no país aumentou em 60% desde 1980
– A taxa de suicídios (BRA) entre 15 e 29 anos subiu 10% entre 2002 e 2014.
– Suicídios são a segunda maior causa de mortes de jovens entre 15 e 29 anos no mundo, e a quarta maior causa no Brasil.
– Cerca de 80% (BRA) acontecem entre homens e 20% mulheres
– 60,4% acontecem entre pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas.
– A região sul do Brasil apresenta o maior número de casos: 23% do total tendo apenas
– Pasme: INDÍGENAS apresentam o maior número de casos: 15,2 casos a cada 100 mil/hab, sendo brancos 5,9 e negros 4,7 casos a cada 100mil/hab.
Obs: a estimativa de indígenas no país gira em torno de 800 a 900 mil pessoas (população total bruta). E é muito maior entre jovens indígenas. O que compromete o futuro dessas populações.
– As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade. (ONU)

A existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nas cidades reduz em 14% o risco de suicídio, mas essas instituições estão presentes em apenas 2.463 dos quase 6 mil municípios brasileiros.

Vamos falar sobre suicídio?

*Lucas Pitta Klein é Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ativista pela democratização da comunicação.

Foto: Chiquinho Dornas