Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, dia que poderia muito bem ser comemorado no nosso país por ser o líder de riquezas naturais no mundo, não fosse o sistema capitalista e suas exigências à natureza. Se engana quem pensa que a destruição dos nossos recursos vem com a revolução industrial. Nos especializamos em perder desde que os Europeus fincaram seus pés no nosso território e transformaram o Brasil num manancial de lucros para o mercado internacional em detrimento da natureza, ou seja, em detrimento de nós mesmos.
Atualmente, os dados são alarmantes em todos os aspectos desse tema. As privatizações, que conduzem o liberalismo, causam impactos ambientais irreparáveis e descansam sob o espectro da impunidade.
Não precisamos pensar muito pra lembrar, com isso, de Mariana. Em 2015 o mundo assistiu ao maior impacto ambiental da história brasileira: a barragem de Fundão se rompeu e 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério varreram 39 cidades, matando 19 pessoas. Ao passo que o governo impõe uma reforma devido ao que chamam de “o rombo da previdência”, a Samarco consegue estender junto à Vara de Justiça Federal em Belo Horizonte o prazo para apresentar os termos do acordo final para a reparação dos danos e o não pagamento de uma multa de 155 bilhões de reais. O desastre de Mariana mata até hoje, tanto pela destruição do que eram os lares e fontes de renda daquela população, quanto com o liberado consumo da água daquele local.
A agropecuária, considerada pilar da economia brasileira, avança sobre a Amazônia e desapropria comunidades indígenas e quilombolas. Mata tudo que é nativo desses locais e dá espaço à criação do gado – que abre buracos na camada de ozônio sobre os rebanhos –, e borrifa na atmosfera venenos usados nas plantações em larga escala, o mesmo veneno que vem parar no nosso prato.
O capitalismo insiste em querer nos convencer de que é vantajoso ganhar com exportações desenfreadas, exatamente porque enche os bolsos de poucos – os capitalistas, os grandes empresários – que, quanto mais têm, mais exploram, e há 500 anos alimentamos com riquezas naturais e mão de obra os bolsos dos saqueadores. “Quanto mais liberdade se outorga aos negócios, mais cárceres se torna necessário construir para aqueles que sofrem com os negócios.”
A situação é alarmante, também, para quem luta contra essa barbárie: em 2017, o Brasil liderou o ranking mundial de assassinatos de ativistas ambientais, com 46 vítimas, de acordo com um estudo divulgado pela ONG Global Witness e pelo jornal The Guardian. Segundo o estudo, as áreas de mineração e atividades agrícolas são onde acontecem a maioria dos assassinatos de ambientalistas. Esses crimes, cometidos por pessoas pagas para matar, constantemente ficam impunes, justamente porque descansam à sombra de um rico dono de terra que, por sua vez, descansa à sombra de uma grande empresa. Eles bradam “o capitalismo deu certo.” Provocamos: deu certo pra quem? Também por ser mais fácil enumerar aquele 1% que lucra rios e mananciais de dinheiro com esse sistema vigente, porém quebrantado.
É nosso dever resistir e lutar contra os senhores que vendem tudo que é da natureza e direito, pois estão vendendo a nossa própria existência enquanto humanidade, para isso devemos resistir sem medo e nos armar com combatividade e conhecimento sobre esse tema. Também não podemos esquecer que no segundo governo de Dilma Roussef o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi entregue nas mãos de Kátia Abreu. Hoje o ministro é o barão da soja, Blairo Maggi, um dos 60 mais poderosos do Brasil. A candidatura de Boulos e Sônia Guajajara traz grandes esperanças quanto a retomada do que é nosso e preservação das comunidades nativas de fato.
Em memória dos que são tirados de suas terras desde a chegada dos europeus do Renascimento, em memória dos bravos ativistas que deram sua vida por essa luta, em nossa própria memória e em nome da nossa soberania, devemos fazer desse 5 de junho mais um dia de luta e resistência.
*militante do Afronte
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