Pular para o conteúdo

Cinco motivos para participar da Marcha da Maconha Salvador 2018

Afronte Bahia

A Marcha da Maconha é um evento político que ocorre anualmente em diversos locais do mundo em favor da regulamentação da Cannabis. No Brasil, os atos ocorrem geralmente entre os meses de maio e junho em diversos estados, e a capital da Bahia – Salvador – não ficará de fora da programação. Neste sábado (26), a partir das 14h, estaremos todas e todos no terminal do Aquidabã nos preparando para marchar e ser parte do calendário de atos e manifestações de todo país pelo Maio Verde.

A primeira marcha da Maconha aconteceu em 1994. No Brasil, a primeira edição foi em 2002, e entre seu início até 2011, muitas edições sofreram grande repressão envolvendo decisões judiciais, que alegavam desde apologia ao uso de drogas até formação de quadrilha. Julgada constitucional pelo STF em 2011, a Marcha vem ganhando força e mais apoiadores a cada ano. As reivindicações são muitas: desde denúncias de arbitrariedade seletiva do poder público quanto de racismo institucional; como a defesa da autonomia pelo próprio corpo; defesa do cultivo caseiro; necessidade de uma política de redução de possíveis danos e riscos ao consumo, bem como propostas efetivas e viáveis para mudanças da nossa atual política de drogas.

Por isso, gostaríamos de elencar aqui 5 principais motivos para comparecermos a Marcha da Maconha desse ano:

1) Proibicionismo, feminicídio e uma nova proposta – Este ano a Marcha da Maconha em Salvador vem com uma proposta diferente e traz algumas novidades, com a temática: “Antiproibicionistas pelo fim do feminicídio”, que foi idealizada pela Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas – RENFA. Esse tema é de total importância se observamos quais são as pessoas que estão no verdadeiro fronte da “guerra às drogas”. Hoje, essa é o principal motivo que encarcera mulheres brasileiras. Segundo o INFOPEN, 68% das mulheres presas são por comércio de drogas – em sua maioria, com poucas quantidades, sem atenuantes, e quase sempre, negras, pobres e mães. Nesta edição, o evento sairá da tradicional rota “Campo Grande – Barra” e passa a ser na Estação do Aquidabã – um território criminalizado por ser predominantemente ocupado por pessoas em situação de rua, mulheres negras em sua maioria, que são alvos frequentes de abusos sexuais, moral, e de poder, tanto por policiais quanto por agentes do tráfico.

2) Vidas negras importam! – Mais uma vez a Marcha vai gritar não apenas pela urgência da regulamentação da maconha, mas também para exigir o fim do encarceramento e extermínio da juventude preta. Vamos ecoar a luta em prol do fim dessa guerra que dura décadas e a solução fica cada vez mais evidente: é preciso legalizar para romper com o poder do tráfico! A guerra às drogas não cumpre com seu objetivo declarado de acabar com o comércio de drogas, diminuir o consumo e zelar pela saúde da população. Porém, cumpre muito bem com seu objetivo histórico de matar, excluir, adoecer e submeter determinadas populações a situações humilhantes e violentas por parte do Estado. A periferia sangra com as mortes diárias e o controle geopolítico militarizado. Não somente na periferia, mas pessoas em situação de rua sofrem com a violência, controle dos corpos e a opressão, permanecendo em um maior estado de vulnerabilidade

3) A guerra às drogas é uma guerra contra as pessoas! – A guerra às drogas é uma forma de justificar as inúmeras prisões e assassinatos recorrentes apenas nas comunidades e subúrbios. Com o tráfico localizado estrategicamente nessas regiões, é muito fácil para o Estado explicar o aumento no investimento em segurança pública e repressão ostensiva. De acordo com o mapa do encarceramento publicado em 2015, os jovens representam 54,8% da população carcerária brasileira. Em relação aos dados sobre cor/raça verifica-se que enquanto a população brasileira é composta por 53% de pessoas negras, a população prisional é de 67% de negros, contra 32% de brancos. É evidente que a chamada “guerra às drogas” é uma expedição contra as pessoas com cor e classe social específicas. Quanto mais cresce a população prisional no país, mais cresce o número de negras e negros encarcerados. Por isso, devemos debater a legalização da Maconha e das demais drogas.

4) Legalização do uso da Cannabis para fins medicinais! – As reivindicações acerca da regulamentação da maconha para fins medicinais vêm ganhando muita força com a presença de mães, pais e familiares que lutam para tratar suas crianças com a planta. É impreterível que a legalização aconteça! Vem sendo provado cientificamente, que a Cannabis é muito eficaz no tratamento e controle de um leque de doenças sendo muito utilizada na promoção de uma melhor qualidade de vida a pacientes de doenças crônicas e em fase terminal.

5) Unidade e frente ampla para lutar pela legalização! – Apesar de identificarmos a grande importância desse debate, o tema em questão ainda é muito estigmatizado pela sociedade. Nós acreditamos na importância da unidade de ação entre todos aqueles movimentos sociais e pessoas independentes que identifiquem as consequências dessa nefasta “guerra às drogas”. É preciso lutar coletivamente para viabilizar outra solução para essa política de “segurança” pública. É preciso compreender que a legalização da maconha também se trata de uma política social e uma questão de saúde pública, e só poderemos avançar nesse debate através de um processo de enfrentamento às antigas políticas e com muita união e luta entre nós!

Nós do AFRONTE estaremos no sábado na Marcha da Maconha – Salvador e no país afora, para dizer: chega de proibicionismo! Lutamos pela regulamentação de todas as drogas! Acreditamos que o problema da saúde e da segurança pública é nutrido pela proibição e criminalização, e precisamos dar um basta nisso! Estaremos nas Marchas unindo forças com ativistas de distintos movimentos para exigir uma nova política de drogas, para exigir o fim dessa política racista, machista e genocida do Estado, que persegue e mata milhares de pessoas todos os anos.