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De quem é a culpa pela tragédia sem-teto no primeiro de maio, em São Paulo?

Por: Igor Baima, de São Paulo, SP

O primeiro de maio é conhecido por ser um dia de luta, de manifestações, de atos e protestos. Para muitos também é um dia de descanso, de ficar com os filhos e as famílias. Mas hoje, para cerca de 280 pessoas, foi o dia de perder tudo. Foi a tristeza, a tragédia.

Há, na capital paulista, cerca de 70 prédios ocupados por moradores que simplesmente não têm para onde ir, resultado de uma política e de um sistema onde tudo vira mercadoria.

O prédio de 26 andares, de propriedade da União, situado no Largo do Paissandu, estava cedido à Prefeitura paulista, com a justificativa de que seria transformado para abrigar o funcionamento de órgãos da Prefeitura. Na verdade, um verdadeiro jogo de empurra entre municipío e União para eximir-se da responsabilidade pela tragédia.

A visita do presidente Michel Temer ao local do desabamento é emblemática. Em menos de três minutos, foi expulso do local pela população aos gritos de golpista. Michel Temer, como os governos estadual e municipal, é totalmente responsável pelo acontecimento.

A política social dos governos está por trás da crise social de moradia do país. Essa política tem provocado a expulsão das pessoas do Centro, o aumento do custo de vida, gerando um maior número de pessoas sem teto e morando de favor. Esse cenário leva muitas pessoas, inclusive, a utilizarem lenha para cozinhar em função do alto custo do gas doméstico.

Toda essa crise social cobra seu preço: a vida de milhares de pessoas em péssimas condições de vida.

Quem passou no local pode conferir que essas pessoas perderam tudo. A revolta, a dor, a tristeza diante de não saberem exatamente o que fazer e onde ir são expressões expostas no rosto de todos. Trabalhadores nordestinos, imigrantes da Bolívia, Angola e Venezuela, homens, mulheres e crianças sem ter onde morar, em subempregos, barracos formados de madeira, lonas e vidros. Esses moradores, a maioria de negros, são as principais vítimas.

As informações das péssimas condições de conservação do edifício eram de conhecimento geral, porém nada foi feito.

Esperou-se o pior acontecer. A ida do presidente ao local do evento materializou um verdadeiro escárnio mórbido de quem não tem nenhum interesse em resolver a questão.

O país perdeu uma grande oportunidade nos últimos anos de realizar uma verdadeira reforma habitacional e urbana, que garantisse moradia para todos que dela nescessitasse.

Essa crise social não se resume as medidas do atual governo (congelamento dos gastos, reforma trabalhista e terceirização), mas também é resultado de políticas dos governos petistas que privilegiaram medidas insuficientes como o Minha casa, Minha vida que não resolveram a fundo o problema.

Foto: Pedro Alexandre | Esquerda Online