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MUNDO

Fora as mãos de Trump na Nicarágua. Que os nicaraguenses resolvam seus problemas por si próprios

O governo de Daniel Ortega foi obrigado a recuar temporariamente de sua contrarreforma previdenciária que penalizaria os trabalhadores e os aposentados. Começou um processo de “diálogo” com a principal organização empresarial, o COSEP, sob a mediação da Igreja Católica. Como denunciam os grupos de jovens auto-convocados, não há nenhuma participação das organizações populares nessas negociações, o que não augura nenhum resultado positivo. O governo americano aproveitou-se para subir o tom contra o governo sandinista, naquela região – a América Central – que considera como seu quintal.
A ação do governo foi condenada por antigos sandinistas, como Mónica Baltodano,  comandante guerrilheira da FSLN, que já opinava sobre o governo de Ortega: “O atual governo da Nicarágua utiliza algumas vezes um discurso esquerdista, uma estridência nas palavras que nada tem a ver com sua prática real, muito distante de um projeto de esquerda. Pelo contrário, na Nicarágua se enriquecem e se fortalecem os banqueiros e a oligarquia tradicional e grupos econômicos de ex-revolucionários convertidos em investidores, em comerciantes e especuladores. Se fortalecem os setores mais reacionários da hierarquia católica, direitos humanos essenciais são eliminados, como o das mulheres ao aborto terapêutico”.

Publicamos abaixo uma nova declaração de Tomas Andino Mecia, veterano ativista socialista hondurenho, cujo texto sobre as mobilizações já publicamos neste espaço.
Ao final, divulgamos a declaração de um dos comandantes da Frente Sandinista que lideraram a derrubada da ditadura de Somoza em 1979, Jaime Wheelock sobre os recentes acontecimentos em carta a Daniel Ortega, presidente do país (Editoria Internacional)

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Trump e o Congresso norte-americano querem pescar em águas turvas na  Nicarágua, com o apoio de um setor da empresa privada nicaraguense. Era de se esperar. Não tardarão em anunciar mais medidas econômicas para afetar o país e forçar uma saída que convenha a seus interesses, amparados na Lei Nica-Act (que autoriza congelar créditos a esse país). Sempre foi asssim.

De forma alguma essa intenção deslegitima os protestos dos cidadãos e da juventude. Eles são válidos, mas são os nicaraguenses que devem resolvê-los. Frente a esta intenção, é preciso reafimar o princípio da Autodeterminação dos Povos.

Somente os nicaraguenses têm o direito de assumir as responsabilidades pelo seu governo. Os gringos não devem meter seu bedelho, porque onde colocam suas mãos arruínam tudo.

Não à intervenção de Trump na Nicarágua. Condenação às empresas privadas que a incentivam.

Tomas Andino Mecia, 23 abril de 2018.

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Data: 22 de abril de 2018 às 12:57

Petição ao Presidente Daniel Ortega

Estimado Daniel:
Por ter sido parte direta e integrado à Direção Nacional Histórica da FSLN que conduziu nosso povo à derrubada da ditadura somozista, te envio esta nota, expressando minha preocupação com o seguinte:

1. O decreto que reformou o INSS, por seu conteúdo e forma, foi um grave erro político, técnico e legal do governo.
2. Foram afetados os direitos econômicos adquiridos e a poupança de um milhão de chefes e chefas de família, sem dar solução prática à grave situação financeira do INSS.
3. Por causa disso, uma importante maioria da população, à frente da que estão os estudantes universitários e até filhos de altos dirigentes do exército, da polícia e da FSLN, mobilizaram-se para  expressar seu legítimo protesto.
4. A reação das autoridades foi desproporcional, com o emprego de armas de fogo pela Polícia e grupos de choque que causaram dezenas de mortos e centenas de feridos entre nossa população.
5. Como companheiro histórico de lutas te peço que busques de imediato um diálogo com a liderança econômica, estudantil, religiosa e social que conduza a soluções imediatas e eficazes que ponham fim ao estado de violência que está golpeando a nação.
6. Considero que, como demonstração de vontade e estatura cidadã,  o governo deve dar passos que dissipem a desconfiança, tomando as seguintes medidas que sugiro que sejam positivas:
1. Revogar o decreto de reforma do INSS.
2. Retirar a Polícia e o Exército para os quartéis.
3. Libertar os estudantes e demais cidadãos presos.
4. Chamar os estudantes e a todos os civis a retornar à normalidade da sua vida cotidiana.

Saudações fraternais,

Comandante da Revolução
Jaime Wheelock Román
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