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Mais uma chacina em Belém

Por Gizelle Freitas

Nesse dia 9 de abril, na grande Belém, no intervalo de nove horas, 12 pessoas foram mortas, nove dessas com características de execução. Poucas horas antes dessa matança, dois policiais foram assassinados. Obviamente que há uma relação, não é a primeira chacina que acontece logo após a morte de um policial. Ainda em janeiro deste ano, aconteceu uma, em dois dias, onde 15 pessoas foram executadas após o assassinato de um Sargento da Polícia Militar. A história recente da grande Belém tem sido marcada por essas execuções.

Segundo pesquisa de 2017 da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, Belém é a 10° cidade mais violenta do Mundo. Essa mesma, pesquisa em 2016 posicionou Belém em 23° lugar. Natal aparece em 4° lugar nesse triste ranking, e Fortaleza em 7°.

Contudo, no dia 4 de abril, o Secretário Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, em entrevista, revelou que se sente seguro andando pelas ruas de Belém. No mínimo, um escárnio com a população que vive sobressaltada nos ônibus, nas ruas, nos supermercados. Não há lugar seguro em Belém e nem na região metropolitana. Na verdade, o estado inteiro sofre com a falta de segurança, consequência da ausência completa de um governador e, no caso da capital, de um prefeito, ambos do PSDB.

De acordo com dados do Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará (SISP), nos dois primeiros meses de 2018 foram registradas 750 mortes violentas. Em janeiro, foram 434, sendo que destes, 370 homicídios; e 316 em fevereiro, incluindo 259 assassinatos, o que dá uma média diária de aproximadamente 13 assassinatos por dia no Pará. Já são 19 policiais militares assassinados nesses meses de 2018. Na sua grande maioria são jovens negros sendo mortos pelas ruas dos bairros periféricos.

A população da grande Belém vive o pacto de um toque de recolher diário, especialmente quando um policial é morto. Com quem quer que se converse há a exposição da mudança de hábitos, apesar de que não há mais horário para os assaltos nos ônibus, supermercados, farmácias, ruas, para os sequestros relâmpagos, dentro das universidades, e uma longa lista de violência urbana.

A grande Belém e o estado do Pará pede socorro e chora seus mortos, diariamente. E o governador Jatene (PSDB) e os seus prefeitos fingem que nada de anormal está acontecendo, prova disso é a declaração do Secretário de Segurança Pública do Estado.

Como questionou Marielle Franco, “Quantos mais precisarão morrer”?

Foto: Reprodução Globo