Diogo Xavier, de Recife (PE)
No mês de março a Argentina foi sacudida por um escândalo. Jogadores das divisões de base do Independiente, clube de Avellaneda, na grande Buenos Aires, eram aliciados para fazer programas e abusados sexualmente. Uma rede da qual fazia parte um jogador de 19 anos do próprio clube, tendo participação de um árbitro da liga local, que intermediava os menores para seus abusadores.
Nesta segunda-feira (02/04), outro clube foi denunciado por casos de pedofilia. Desta vez foi o River Plate, um dos maiores times do país. A ONG Associação para Vítimas de Estupro (AVIVI, em espanhol) fez a denúncia na justiça local de abusos contra jovens da base do clube entre os anos de 2004 e 2011. A ONG segue acompanhando os processos e investigando com auxílio da polícia e de outros times que também faziam parte da rede.
Os dois clubes se colocaram à disposição da justiça para ajudar nas investigações e punir os responsáveis, colocando que não tinham conhecimento dos casos. No caso do Independiente, seis pessoas já foram presas, dentre elas um árbitro de divisões inferiores e as investigações apontam outros nomes ligados as divisões de acesso e categorias de base.
Os casos vieram à tona, mas não são novidade. As bases de futebol são lugares repletos de jovens que deixam muita coisa em busca de um sonho e que por muitas vezes têm que morar longe da família, com pouca estrutura e recursos. Abusos como estes sempre aconteceram, na Argentina e em outros países, como o Brasil. O meio do futebol é uma caixa-preta que dificulta que escândalos como estes sejam revelados.
No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não cumpre os acordos feitos com o Congresso Nacional na época da Copa do Mundo de 2014, sendo omissa diante de denúncias feitas a entidade. Assim, acaba permitindo que mais casos assim ocorram, como o do menino D., de 13 anos, que foi assassinado pelo seu treinador em São Lourenço da Mata, em Pernambuco, após vários abusos sexuais. Diversos outros casos passam impunes e a legislação segue não sendo cumprida, permitindo que abusadores e aliciadores possam continuar cometendo crimes nas bases de diversos times, principalmente longe dos grandes centros.
É importantíssimo que esses casos sejam investigados a fundo e que se tomem medidas para que erradicar das divisões de base o aliciamento com menores de idade em clubes de futebol.
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