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‘Nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade’, diz Valerio Arcary no ato em defesa da democracia, no Rio

Da Redação

O historiador Valério Arcary, colunista do Esquerda Online, representou o PSOL no ato em defesa da democracia e por justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes, nesta segunda-feira (02), no Rio de Janeiro. Falou sobre a necessidade da construção de uma frente antifascista para defender as liberdades democráticas “conquistadas com muita luta”, segundo enfatizou. Para ele, a esquerda precisa ter maturidade para saber quem é o principal inimigo e lidar com as diferenças no marco da unidade. “Estamos começando a erguer os tijolos de uma muralha na luta contra o fascismo. Somos todos camaradas, aprendemos duramente que construir a Frente Única não significa ter adesão de um partido sobre outro. Não podemos mais ter medo das nossas diferenças”, disse.

Assista à íntegra do discurso:

Leia a íntegra do discurso

Boa noite. 

Eu vim de São Paulo para este ato para dizer em nome do PSOL que quem não sabe contra quem luta não pode vencer.

Surgiu uma corrente neofacista no Brasil que tem audiência de massas, isto é novo. Esta corrente neofacista tem relações com milícias armadas que operam no subterrâneo da vida social brasileira. Não é acidental a execução de Marielle no Rio. Não é acidental. Os ataques que fizeram contra a campanha de Lula no Paraná. 

Se eles não forem detidos hoje, esta corrente, que ainda é uma minoria, poderá crescer.

O neofascismo, o fascismo do nosso tempo, não é apenas uma corrente exaltada, não é apenas um corrente autoritária. O neofascismo é a barbárie, o neofascismo é o braço armado do capital. O neofacismo vem com o objetivo de destruir as liberdades democráticas que nós erguemos. Defendemos para a existência de todos os movimentos sociais que há Brasil. É porque conquistamos liberdades que existe um movimento da classe operária. É porque conquistamos liberdade que existe um movimento feminista, um movimento LGBT, um movimento negro. Os neofascista são inimigos da autorganização de todos, do povo.

O neofascimo tem como projeto esmagar a esquerda e impor nesse país um regime político que seja garantia de todos os ajustes econômicos. Uma parte já fizeram, e o pior da agenda estão por fazer depois das eleições. Eles querem destruir a Previdência Social, reduzir o salário médio, impor condições asiáticas para dezenas, dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros.

Quem não sabe contra quem luta, não pode vencer.

Nenhuma liberdade para os inimigos da liberdade.

Este é um ato de frente única, a frente única significa que diferentes correntes políticas, umas maiores do que outras, estabelecem um programa como um brasão, um programa comum que nós viemos aqui levantar. É levantar uma muralha contra os neofacistas. E esse programa comum significa que cada um de nós que está aqui, de cada corrente política, cada militante, que nós vamos derrotar o neofascismo. Que eles não ficarão sem resposta. Que centenas de milhares que saíram às ruas depois da execução de Marielle, que não descansaremos enquanto não forem presos aqueles que dispararam as armas, mas também aqueles que deram a ordem aos assassinos. Não haverá paz.

Contra o neofascismo precisamos dizer as coisas como são. Nós temos o direito à legítima defesa, nós não vamos assistir à morte de lideranças populares sem chamar às ruas milhões de brasileiros. Hoje somos dezenas de milhares de ativistas. Somos um punhado aqui no Circo Voador, mas aqui estamos começando a erguer os primeiro tijolos de um muralha. Na luta contra o fascismo somos todos camaradas.

Camaradas apreendemos duramente, camaradas apreendemos duramente .

Esquerda Unida jamais será vencida”

Esquerda Unida jamais será vencida”

Esquerda Unida jamais será vencida”

Nós aprendemos duramente que construir a frente única não significa que tenha adesão de um partido sobre o outro, nós não devemos ter mais medo das nossas diferenças. Nós devemos conviver com as diferenças.

Vocês sabem que o PSOL foi um partido de oposição de esquerda ao governo Lula, vocês sabem que temos uma diferença programática. Nós do PSOL estamos convencidos de que a luta contra o 1% que controla a riqueza e o poder nesse país não é indolor, não será indolor.

A sociedade brasileira é uma sociedade totalmente fracionada pela desigualdade e pela injustiça social. Nós defendemos uma linha de mobilização contra a grande riqueza, os grandes monopólios, os grandes latifundiários, o agrobusiness. Nós estamos convencidos de que não é possível defender as liberdades democráticas sem o confronto com o poder e uma parte da riqueza financia os neofascistas, financia os monstros que saíram das jaulas do zoológico, porque eles foram úteis nos últimos dois anos.

Para encerrarmos, quero dizer que na construção da frente única temos que ter maturidade, seriedade, compromisso e sabermos conviver com nossas diferenças.

Vocês sabem, hoje aqui nessa sala, lá fora, os milhares que estão reunidos são simpatizantes do PT. Vocês sabem que há sinceros militantes, que têm paixão revolucionária, que têm medo de se aproximar do PT, porque temem, acham que é uma armadilha política. Temem o hegemonismo.

Temos que dizer para toda a esquerda brasileira que precisamos temer, em primeiro lugar, o neofascismo!

Queria me despedir, eu vim de São Paulo, gostaria de me despedir falando duas palavras. A maioria de vocês já me conhece. Eu estive na fundação do PT e fui membro da executiva nacional do PT nos primeiros 12 anos. Desde 92, é a primeira vez que eu subo em um palco que está o Lula. São 26 anos. Eu tive que chegar aos 61 anos para subir em um palco ao lado Lula, mas fiz questão de vir hoje aqui e quero dizer porque:

Eu estive, com sabem, na direção do PSTU e agora a corrente ao qual eu me integro no Psol, o MAIS (Movimento Por Uma Alternativa Independente e Socalista) é uma corrente interna do Psol. Nós rompemos com o PSTU na crise de 2015 -2016. E faço questão de estar aqui para dizer algo que acho que tem algum significado. É possível que dentro de uma semana haja uma ordem de prisão contra Lula, ou até menos do que isso, uma ordem de prisão contra o Lula.

Assim como lutaremos contra o neofascismo, lutaremos contra a prisão e condenação do Lula. Em todo ato.

Valeu, as diferenças que nós tivemos no passado, as políticas de aliança que o PT resolveu fazer, não nos impede de dizer com todas as letras: Não haverá um só ato no país onde a bandeira do Psol não será levantada e com orgulho.

Quem não sabe contra quem luta não pode vencer. Nós viemos dizer aqui que sabemos contra quem lutamos. Nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade. Morte ao fascismo. Frente única contra o fascismo. Viva a luta da classe trabalhadora. Viva o socialismo. Viva o internacionalismo.

Obrigado