Editorial 03 de abril
Nesta quarta-feira (4), o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará o pedido de Habeas Corpus solicitado pela defesa de Lula. Caso seja negado o requerimento, o ex-presidente deverá ser preso nos próximos dias.
Há nesse momento uma intensa pressão sobre o STF para que o petista não possa recorrer em liberdade da condenação em segunda instância. Os grandes meios de comunicação, juízes, promotores, generais e grandes empresários, em uníssono, saem a público pela prisão de Lula. Na esteira dessa inflamada campanha burguesa, grupos de extrema-direita promoverão atos em dezenas de cidades nesta terça-feira (3). A tentativa é colocar nas ruas a classe média que se mobilizou pelo impeachment de Dilma.
A pressão é enorme. O procurador federal Deltan Dallagnol afirmou nas redes sociais estar “em jejum, oração e torcendo pelo país”. Por sua vez, o general de exército da reserva Luiz Gonzaga Schoroeder Lessa declarou ao jornal Estado de S. Paulo que “se acontecer tanta rasteira e mudança de lei, aí eu não tenho dúvidas de que só resta o recurso à reação armada”. Raquel Dodge, rocuradora-geral da República, afirmou que “Justiça que tarda é Justiça que falha”. Na regência da orquestra está a Globo, que faz da cobertura jornalística uma descarada campanha contra Lula.
Em face a esse esbravejar das forças reacionárias, uma vez mais reafirmamos nossa posição categoricamente contrária à condenação e prisão de Lula. Trata-se de um processo político que tem como objetivos tirar o ex-presidente das eleições e estreitar garantias democráticas. A prisão após condenação em segunda instância, por exemplo, consiste num mecanismo que restringe o princípio constitucional da presunção de inocência, afetando sobretudo a população negra e pobre, vítima principal do encarceramento em massa no país.
Estamos contra a prisão política de Lula, mesmo não sendo petistas. Sabemos, como sempre gosta de repetir o ex-presidente, que nunca antes na história desse país banqueiros e grandes empresários ganharam tanto dinheiro como nos governos do PT. Lula não compreende porque a elite não o tolera mais. A resposta é simples: para a burguesia, acabou o tempo da conciliação de classes.
Caso o STF não conceda o Habeas Corpus, será preciso a mais ampla unidade de ação contra a prisão de Lula. Não se trata apenas da defesa de Lula ante uma condenação sem provas, mas também da defesa das liberdades democráticas ameaçadas. Caberá principalmente à direção do PT convocar atos de rua e ações de força contra a prisão. Toda a esquerda precisa se somar a essa luta, mesmo aquela que guarda profundas diferenças políticas e programáticas com o PT, como é o caso do PSOL.
Nesse sentido, é necessário unificar a esquerda, os movimentos sociais, sindicatos e os setores democráticos numa frente de combate ao fascismo e nos atos contra a prisão de Lula. Esta ampla unidade deve levantar também a bandeira em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra as reformas e o governo Temer.
Terminamos este editorial com as palavras de Valério Arcary no encerramento de seu discurso no ato unitário contra o fascismo, que ocorreu nesta segunda-feira (2), no Rio de Janeiro: “É possível que daqui a uma semana haja uma ordem de prisão contra Lula. Assim como lutaremos contra o neofascismo, lutaremos ao lado do PT contra a condenação e a prisão do Lula. As diferenças estratégicas que temos não nos impedem de dizer: não haverá um só ato neste país contra a prisão do Lula onde a bandeira do PSOL não será levantada e com orgulho”.
Foto: Conteúdo MS
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