Greve da educação do Amazonas atinge 80% das escolas
Publicado em: 27 de março de 2018
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Salários permanecem congelados desde 2014. Em Parintins, a greve começou mais cedo
Carlos Magno de Camargo, Professor da rede estadual do Amazonas e membro do comando estadual de greve, especial para o Esquerda Online
Os trabalhadores em educação do Estado do Amazonas estão em greve, seguindo a decisão tomada em assembleia geral na última quinta-feira, 22. A greve começou a tornar-se realidade na segunda feira, 19, quando cerca de dez mil professores paralisaram as aulas em Manaus e cerca de dois mil no restante do estado, abrangendo cerca de 46% da categoria. Até então o sindicato estava fazendo reuniões setoriais para decidir pela adesão ou não à greve que já se fazia irreversível pela própria categoria. Com o passar dos dias e o aumento gradativo de escolas paralisando e de cidades do interior aderindo ao movimento, veio o inevitável: a greve foi oficialmente deflagrada.
Na cidade de Parintins, a 369 km de Manaus, no entanto, a greve começou antes. Os profissionais da educação estão paralisados desde o dia 16, quando decidiram, em assembleia local, convocada pelos próprios professores, à revelia do SINTEAM (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) entrar em greve. É uma greve local e pela base, sem medo das pressões, das ameaças de corte de salário, nada. Apenas foi decidido que não iriam mais voltar para a sala de aula sem um reajuste digno para a categoria. A partir daí o movimento ganhou corpo, com quase 100% das escolas da cidade paralisadas.
Quatro anos sem reajuste
O que reivindicam os profissionais da educação do estado do Amazonas? Para responder a essa questão temos que retornar ao ano de 2014, quando foi concedido reajuste salarial à categoria pela última vez. Desde 2014, ou seja, há quatro anos que os professores e demais trabalhadores da SEDUC-AM (exceto o secretário da Educação) não sabem o que é reajuste.
Nesse período o sindicato nada fez para organizar a categoria contra esse arrocho salarial, o que levou os próprios trabalhadores a buscar soluções. Em Parintins, por exemplo, alguns colegas criaram um grupo no whatsapp com o intuito de agregar os professores estaduais de Parintins para discutir nossas ações, o que culminou na decisão de convocar a greve local.
Desde o início do ano que o atual governador Amazonino Mendes (PDT) vem prometendo cumprir com a data base dos professores, garantindo que daria um reajuste adequado à categoria depois desses quatro anos de arrocho. Os cálculos do sindicato contabilizavam uma perda de 30% do salário, mais 5% de aumento real e o pedido da categoria era de 35%. No dia 14/03, o governador apresentou sua proposta: 4,57% de reajuste. Um deboche! Seria completamente vergonhoso para a categoria aceitar essa humilhação, o que deflagrou esse movimento de revolta.
A última greve da educação estadual no Amazonas foi em 2005 – há treze anos portanto. Mas hoje mais de 80% das escolas do estado estão paradas. De São Gabriel da Cachoeira a Apuí, de Parintins a Atalaia do Norte o movimento se espalha e cresce. Parte da imprensa já começa a discursar contra e a divulgar as justificativas mentirosas do governo, como de praxe. O próprio governador visitou algumas cidades do interior para tentar impor aos trabalhadores o seu discurso, mas não deu certo. Em seguida acionou a Justiça contra a greve.
Os trabalhadores em educação do Amazonas mostraram que estão cansados de mentiras, que não querem aumento só em auxílios e gratificações, mas aumento no salário, para garantir ganhos reais também aos aposentados e profissionais afastados por licença. Em Boa Vista do Ramos o governador foi vaiado e em Parintins ouviu o grito que se espalha pelo Amazonas: NÃO TEM ARREGO!
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