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É preciso dar um basta às provocações fascistas

Grupo ataca caravana de Lula em Santa Maria

Grupo ataca caravana de Lula em Santa Maria

Editorial de 24 de março de 2018

Menos de dois anos depois do golpe parlamentar de 2016, embalados pela intervenção militar no Rio de Janeiro, grupos fascistas começam a se sentir fortes o suficiente para intimidar os movimentos sociais e suas lideranças.

A consequência mais trágica até agora da própria intervenção militar foi a execução de Marielle Franco, que demonstra o quanto milícias, grupos de extermínio e grupos fascistas formados por agentes das policias e forças armadas começaram a se sentir à vontade para realizarem ações violentas exemplares. A execução de Marielle foi sem sombra de dúvidas um assassinato político e racista, não foi obra de amadores, mas de gente bem armada e bem treinada, ou seja, de atiradores de elite munidos de instrumentos de espionagem e inteligência.

Menos de uma semana depois da execução de Marielle, grupos de extrema-direita vinculados ao agronegócio intimidaram pública e notoriamente a caravana de Lula em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com artefatos explosivos, pedras e socos-ingleses.

O cenário dos ataques foi a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por onde a caravana de Lula passou nesse 20 de março. Na UFSM, fascistas tentaram se aproximar do prédio da reitoria, onde Lula participava de um encontro com reitores das universidades gaúchas. Eles só pararam porque foram impedidos por um cordão formado por estudantes, professores e sem-terra. Houve troca de socos, tapas e pontapés. Por pouco a situação não desaguou numa pancadaria generalizada*.

Entre a direita fascista havia pelo menos um indivíduo com faca e outro com um chicote, além de um homem armado, que foi afastado do local. Um carro de som com inscrição do MBL foi expulso pelos manifestantes pró-Lula.

Na sexta-feira, 23, a caravana foi impedida de chegar a cidade de Passo Fundo (RS), por um bloqueio na estrada, formado por agricultores, apoiadores de Bolsonaro e separatistas. O grupo bloqueou a passagem com tratores e carregava chicotes, correntes e um taco, segundo a imprensa. No mesmo dia, começou a ser vendida na internet uma camiseta com a imagem de Lula degolado.

 

O fascismo se combate com força social e militante
O que estamos vivendo atualmente no Brasil não é uma ofensiva das massas trabalhadoras pelo poder, bem o contrário: uma ofensiva da direita e da extrema-direita, cujo objetivo é massacrar o conjunto dos movimentos sociais e impedir que estes avancem, mudando a atual correlação de forças no país. Para a extrema-direita, vale tudo para realizar essa empreitada.

Grupos fascistas, fortalecidos pela campanha presidencial de Bolsonaro, compõem um movimento político que tem por objetivo ganhar setores das classes médias, as camadas mais atrasadas dos trabalhadores, e inclusive da marginalidade criminosa, para uma saída político-social autoritária, intolerante, bárbara e militarizada. Suas ações podem começar com a propaganda de ódio, como as atualmente disseminadas nas redes sociais, e até com pequenas manifestações pacíficas que levantem suas bandeiras reacionárias, mas seu objetivo estratégico é disciplinar e massacrar os movimentos sociais, organizações de esquerda, lideranças negras, LGBTS e feministas através da intimidação, da violência e do terror.

O fascismo pretende desmantelar as liberdades de organização, oposição e manifestação dos movimentos sociais e dos oprimidos, bem como intimidar, calar, reprimir e, se necessário, aniquilar fisicamente a vanguarda e as figuras públicas dos movimentos, mesmo as mais reformistas e moderadas. Para tanto, algumas de suas táticas fundamentais são a organização de pequenos grupos de assalto para realizar ações violentas contra manifestações, atacar as sedes dos movimentos sociais e promover atentados contra lideranças dos movimentos, dos oprimidos e da esquerda.

Enquanto o fascismo se manteve no terreno da propaganda nas redes sociais, ainda que ficássemos em alerta, não havia motivos factuais para organizar uma resposta unitária contundente. Mas, no momento em que este passou a se sentir forte o suficiente para realizar ações violentas, torna-se necessária a mais ampla unidade de ação antifascista, inclusive com a organização de grupos de autodefesa nos partidos de esquerda, sindicatos, e movimentos sociais de negros, mulheres, LGBTS, sem-teto e sem-terra. É preciso matar o monstro fascista desde as suas primeiras ações, por mais isoladas, pontuais e desorganizadas que pareçam e mesmo quando estejam voltadas contra a esquerda aliada à velha ordem, como é o caso do PT e de Lula.

* Com informações de Eleonora e Rodolfo Lucena, jornalistas da Tutaméia, que acompanham a caravana de Lula no Rio Grande do Sul.