Por: Paulo Siqueira, do Rio de Janeiro, RJ
O sistema de ônibus no Rio foi feito de propósito para ser ineficiente e propenso à corrupção. Essa foi a conclusão do vereador Tarcísio Motta (PSOL) durante a sessão desta terça-feira (13), da CPI dos Ônibus, na Câmara Municipal do Rio. Segundo a consultoria PwC, responsável por estudos na administração Paes e agora, contratada por Crivella para apontar um valor justo na passagem, a ineficiência se comprova ao menos de duas formas: na maneira como é calculado o retorno financeiro às empresas que participam dos cinco consórcios; e pelo fato do controle desses valores e de dados do transporte não estarem centralizados em uma empresa pública.
Vereador Tarcísio Motta fala durante a CPI dos Ônibus
O sistema criado na administração Eduardo Paes, em 2010, não compensa a diferença de distância percorrida pelas linhas e sim, a média do número de usuários. Por isso, uma linha na Zona Sul que recebe e perde passageiros de poucos em poucos metros, arrecada muito mais que uma que opera na zona oeste, por exemplo. Nessa região, onde mais empresas fecharam as portas nos últimos anos, os ônibus percorrem longas distâncias e recebem um fluxo muito menor de passageiros. Em compensação, as empresas gastam muito mais em combustível e manutenção da frota.
Segundo a auditoria PwC, a forma de sanar essa situação seria a centralidade do caixa e a criação de uma empresa pública para gerir as distorções e determinar o valor da passagem a partir do quilômetro rodado e não por número de passageiros. Na Câmara do Rio tramita há anos projeto de lei do vereador Renato Cinco que finalmente criaria este órgão, previsto na lei orgânica do município, porém ignorado nas comissões da casa.
Nas sessões anteriores da CPI, técnicos e ex-secretários de transportes disseram que a responsabilidade por não estabelecer nenhum tipo de compensação na tarifa foi de Eduardo Paes. Apesar da insistência dos vereadores Tarcísio Motta e Eliseu Kessler (PSD), os outros membros da CPI não aprovaram o requerimento de convocação do ex-prefeito. A atitude de Alexandre Isquierdo (DEM), Rocal (PTB) e Dr. Jairinho (MDB) não só impediram os esclarecimentos de Paes, como podem levar à recomendação de seu indiciamento ao Ministério Público, ao final da CPI.
Veja a sessão da CPI na íntegra:
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Foto: Tomaz Silva | EBC
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