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MOVIMENTO

Trabalhadores dos Correios iniciam greve nacional nesta segunda

Ato em Brasília em 2017. Foto Sintect-DF

Ato em Brasília em 2017. Foto Sintect-DF

Greve é em defesa do acordo coletivo, do plano de Saúde, por contratações e contra o sucateamento e a privatização

Jacó Almeida*, de Brasília (DF)

Os trabalhadores dos Correios decidiram entrar em greve a nível nacional a partir desta segunda-feira, 12 de março. Assembleias em todo o país na sexta-feira, 09, confirmaram a entrada em greve, com exceção das assembleias do Amazonas e Amapá. A categoria reivindica o cumprimento do acordo coletivo de trabalho, principalmente da cláusula relacionada ao plano de saúde, mas é diretamente contra a privatização dos Correios, o governo golpista do Temer e seus aliados Kassab e Guilherme Campos. Os dirigentes dos Correios vem piorando ainda mais os serviços, com terceirização, fechamento de milhares de agências e fim da entrega diária de correspondência.

A direção dos Correios e o governo Temer vêm querendo alterar a cláusula para instituir a co-participação dos funcionários (calculada sobre o salário bruto e não sobre o salário-base) e ainda criar uma mensalidade impagável aos que ganham menos – a média salarial é de R$ 1.600,00. Também querem retirar pais e mães do plano – hoje é permitido incluir pais e mães que ganhem até 1,2 salário mínimo. Em 2017, com a greve, a direção da empresa havia se comprometido a manter o plano nos moldes atuais e seguir mediando através do TST, mas quebrou esse acordo e ajuizou uma ação, que será julgada nesta segunda-feira, às 13h30, em Brasília.

Sucateamento e terceirização
Os Correios estão há sete anos sem concurso público. Neste mesmo período, foram abertos cinco processos de demissões voluntárias (PDVs) que demitiram mais de 20 mil funcionários. Com a falta de efetivo, a qualidade de prestação de serviço vem caindo assustadoramente gerando atraso nas entregas de correspondências e encomendas.

Ao mesmo tempo em que reduzem a quantidade de concursados, apostam na terceirização de vários setores e funções. No último mês acabaram com o cargo de Agente de Triagem e Transbordo (ATT), atingindo mais de 15 mil trabalhadores. Querem substituir estes funcionários concursados por terceirizados.

Outro ataque é o objetivo de fechamento de mais de duas mil agências, com a ameaça de demissão motivada destes funcionários. Os vampiros da direção dos Correios e o governo Temer querem entregar este serviço para agências franqueadas privadas.

Os Correios planejam ainda o fim da entrega diária de correspondências, passando para entrega em dias alternados nas grandes cidades – dia sim, dia não. As cidades pequenas passariam a ter entregas apenas uma vez por semana, prejudicando a população, que ficaria sem esse direito básico, receberia contas já vencidas, etc.

E essa medida também causaria o fechamento de 16.500 vagas de carteiros. Ou seja, se somarmos esse conjunto de ataques, em pouco tempo poderemos perder mais de 50 mil postos de trabalho. Um sucateamento e enxugamento da empresa que na verdade é a preparação para a privatização completa dos Correios.

A greve precisa do apoio de todo o movimento sindical, centrais e movimentos sociais
A greve dos trabalhadores vai enfrentar o governo golpista do Temer e seus aliados do PSD: Gilberto Kassab, ministro das Comunicações e Guilherme Campos, atual presidente dos Correios. Estes estão fazendo de tudo para privatizar os Correios uma das empresas que sempre prestou ótimos serviços a população mas que vem sendo sucateada nos últimos anos. Isso vem desde os governos Lula e Dilma que na época mudaram a lei postal transformando a empresa em Sociedade Anônima (S/A). Agora, Temer aprofunda o ataque e não esconde de ninguém que pretende privatizar os Correios e para isso afirma que a empresa é deficitária. Por isso é necessário o mais amplo apoio a esta greve que não é apenas em defesa dos direitos, mas contra Temer e a privatização.

*Jacó é carteiro há 32 anos dos Correios, diretor suplente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) e militante do MAIS / PSOL e da CSP-Conlutas