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BRASIL

Mais uma tragédia anunciada no campo paraense: líder comunitário que denunciava mineradora é morto a tiros

Por Benedito Tavares, de Marabá (PA)

Hoje, mais uma vez, o chão de Barcarena (PA) amanheceu vermelho, dessa vez, não pelo vazamento dos restos da mineração, e sim, pelo sangue de mais um lutador, que denunciava os crimes ambientais cometidos pela mineradora norueguesa Hydro.

Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 47 anos, foi morto por volta das 03 horas da madrugada. Era um líder comunitário que vinha há um tempo denunciando a mineradora, que vem poluindo os rios da região, contaminando poços, adoecendo pessoas e as expulsando de suas terras. Paulo Sérgio havia feito várias denúncias de ameaças de morte que vinha sofrendo. Com a ajuda de um advogado da região, havia, inclusive, feito um pedido ao governo do Estado do Pará, de proteção ante as ameaças.

O Pará é um estado que muitos dizem ser sem lei, porque esse não foi o primeiro, e infelizmente, não será a última liderança popular a tombar na luta contra os grandes projetos na Amazônia. Paulo Sérgio foi mais um a aumentar a triste estatística que coloca o Pará como líder em mortes ligadas a conflitos em áreas rurais.

Não podemos esquecer que o Governo que negou proteção a Paulo Sérgio é do PSDB, partido que governa o estado há muito tempo e tem em seu “currículo” o Massacre de Eldorado, onde a Polícia Militar assassinou 19 trabalhadores sem-terra. E é o mesmo do governador Jatene, que assistiu passivamente ao Massacre de posseiros em Pau D’arco, outra tragédia igualmente anunciada.

O advogado Ismael Moraes irá pedir que a investigação sobre a execução de Paulo Sérgio seja feita em esfera federal por haver fortes suspeitas de participação de agentes de segurança pública no crime, pois já havia um histórico de ameaças de PMs contra a vítima.

Denunciamos o governador do estado, Simão Jatene, pela sua omissão nesse caso. Exigimos que as investigações sejam céleres, e que punam os autores e mandantes desse crime. Devemos ainda exigir que a empresa tenha suas operações suspensas, queremos punição à Hydro e seus dirigentes. Devemos também colocar na ordem do dia o debate sobre a estatização dessas empresas, que tanto mal fazem aos povos da floresta.

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