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Rejane Hoeveler: ‘As lutas contra o capitalismo e contra o patriarcado são indissociáveis’

Ato do 8 de Março na Espanha.

Ato do 8 de Março na Espanha.

Rejane Hoeveler

Rejane Carolina Hoeveler é historiadora. Mestra e doutora em História Social pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Co-organizadora do livro A onda Conservadora: ensaios sobre os atuais tempos sombrios no Brasil (Rio de Janeiro, Mauad, 2016). Atualmente é pós-doutoranda em Serviço Social pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas).

O estabelecimento de um Dia Internacional da Mulher, celebrado atualmente no dia 8 de março, deve muito à luta histórica das mulheres socialistas. É o que afirma a historiadora Rejane Hoeveler, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), que, nesta entrevista, resgata a história do protagonismo das mulheres socialistas nessa luta, desde o início do século 20. Protagonismo que, segundo ela, foi sendo deixado de lado ao longo das décadas, com a difusão de inúmeras versões que contam a origem desse dia passando ao largo da relação histórica que sempre existiu entre feminismo e socialismo. Rejane reafirma a necessidade de unificar as duas frentes, principalmente no atual cenário político, onde, em todo mundo, cresce a adesão a projetos políticos com propostas de extrema-direita e de cunho neoliberal. Na conjuntura brasileira atual, isso tem significado retrocessos nas políticas voltadas não só para os direitos das mulheres, mas para os direitos sociais como um todo. Para Rejane, o Dia Internacional da Mulher deve servir para promover esse debate, e reforçar a necessidade de união das forças políticas que se opõem à ofensiva conservadora sobre os direitos dos trabalhadores.

Por André Antunes, da EPSJV/Fiocruz

Há uma série de versões sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Existe uma que podemos chamar de oficial?

Rejane Hoeveler
Rejane Hoeveler

A proposta de um Dia Internacional da Mulher partiu das mulheres socialistas, mas essa memória foi apagada. O Dia Internacional da Mulher foi reconhecido oficialmente pela Unesco só em 1975, mas até hoje várias versões apagam o papel das mulheres socialistas na criação dessa data, sugerida numa conferência internacional das mulheres socialistas. A pesquisadora Temma Kaplan, que estudou isso, afirma que o primeiro dia nacional das mulheres aconteceu nos Estados Unidos em 23 de fevereiro de 1909, dois anos antes daquele incêndio da indústria têxtil de Nova Iorque que é citado em uma das versões mais difundidas sobre a origem da data. Esse incêndio, no qual, de fato, morreram 129 mulheres, entre elas crianças, e 17 homens, foi em 25 de março de 1911. Mas o que é certo na literatura especializada é que foram as dirigentes da socialdemocracia alemã, a maior organização operária da Europa na época, Clara Zetkin e Louise Zietz, que organizaram, junto com mulheres de toda a Europa e da Rússia também, uma reunião, em 17 de agosto de 1907, pouco antes de um encontro internacional socialista na Alemanha. Nessa reunião elas reivindicaram que a luta pela igualdade das mulheres deveria ser travada em todos os aspectos da vida. Na época existia uma resistência tanto do movimento operário tradicional, que era bem machista, quanto do nascente movimento sufragista, que se consolida no início do século 20 , principalmente na Inglaterra, como um movimento que não era dirigido por operárias, mas sim por setores pequeno-burgueses. No movimento sufragista inglês existia essa polêmica sobre a inclusão ou não das operárias. Foi nesse congresso de 1907 que a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas aprovou o apoio dos socialistas à luta pelo voto feminino. Isso é um marco importante porque, até então, essa era vista como uma luta das mulheres burguesas, e a Clara Zetkin teve o papel mais importante de convencer as delegadas de que o proletariado como um todo avançaria com o voto das mulheres. E em 8 de março de 1908, no ano seguinte, as sufragistas americanas, entre elas algumas socialistas, participaram de uma grande manifestação pelo voto feminino. Mas ainda não tinha nenhuma referência, àquela altura, a um Dia da Mulher. Em 1909 as socialistas americanas firmaram o último dia de fevereiro como o Dia Nacional da Mulher, celebrando em 23 de fevereiro de 1909 e, no ano seguinte, em 27 de fevereiro. No encontro das mulheres da Internacional Socialista que precedeu o encontro geral da 2ª Internacional, em Copenhague em 1910, a Louise Zietz, companheira do Karl Kautsky, teria sugerido um Dia Internacional da Mulher, mas sem especificar uma data, a ser marcada para o ano seguinte, e a proposta foi apoiada pela Clara Zetkin. O primeiro Dia Internacional da Mulher na Europa foi realizado no dia 18 de março em Viena, e coincidiu com o aniversário de 40 anos da Comuna de Paris. A Revolução Russa de 1917 é um outro marco. Não foi uma coincidência exatamente, como diz o historiador Kevin Murphy, que a revolução de fevereiro de 1917 tenha estourado no Dia Internacional da Mulher, porque as mulheres operárias do bairro de Vyborg, em Petrogrado, estavam planejando uma greve no Dia Internacional da Mulher: 23 de fevereiro, pelo calendário gregoriano, e 8 de março no nosso calendário. E aí foi quando as mulheres russas lideraram um levante que culminaria na revolução de fevereiro e na queda do czarismo.

Como as mulheres socialistas entendiam a relação entre as pautas feministas e a luta pelo socialismo?
As mulheres socialistas sempre enfrentaram um duplo desafio. O movimento operário era carregado de machismo. Os operários eram majoritariamente contra a entrada das mulheres no mercado de trabalho, porque isso significava uma desvalorização salarial geral. Isso tem a ver também com um modo de vida consolidado que a Revolução Industrial vem dissolver. A própria família operária se reestrutura de uma maneira totalmente diferente, porque agora a mulher não só fica em casa cuidando dos filhos, mas é obrigada a entrar no mercado de trabalho pra vender sua força de trabalho. Então as mulheres socialistas enfrentavam esse preconceito dentro, inclusive, dos partidos socialistas, da própria socialdemocracia. Mas, por outro lado, também enfrentavam no nascente movimento feminista outros tipos de desafios. Por exemplo, na própria Rússia houve uma grande conferência de mulheres em 1907, na qual se expressaram várias correntes políticas dentro do feminismo. O feminismo na Rússia existe desde meados do século 19, e era majoritariamente dirigido por setores que a gente pode chamar de burgueses ou até aristocráticos, de mulheres da aristocracia fundiária da Rússia, com poucas operárias. Havia disputa sobre as pautas que deveriam ser defendidas. Por exemplo, as mulheres que são as precursoras do chamado feminismo radical, como a Maria Krukovskaya e outras, defendiam apenas o direito ao voto feminino. Em alguns países, inclusive, essa corrente, que era majoritária do movimento feminista, não defendia sequer o voto universal. Aceitavam, por exemplo, o voto censitário, o que era inadmissível para as mulheres operárias. As mulheres operárias estavam muito mais preocupadas com creches públicas, salários, direito ao trabalho digno, enfim, estavam com outro tipo de preocupações, mais materiais, mais objetivas da vida. Essa foi uma grande disputa entre as correntes do feminismo desde o início do século 20.

E como essas disputas se expressam na atualidade?
Na minha opinião, o principal inimigo a ser combatido hoje é o feminismo neoliberal, que é o feminismo incentivado por entidades empresariais. Esse tipo de movimento tem recurso, tem mídia, tem aparato, tem argumentos palatáveis. Desde os anos 1970 já existem essas tentativas de captura, porém, como destaca bastante a professora Virgínia Fontes, dos anos 2000 pra cá isso se ampliou muito. Há movimentos, tanto internacionalmente quanto no Brasil, dentro da ONU inclusive, que são dirigidos por entidades empresariais. São movimentos que, ao mesmo tempo em que aparentam defender os direitos das mulheres e carregar a bandeira da emancipação feminina, reforçam a lógica neoliberal da meritocracia.

Hoje isso se expressa principalmente pelo discurso do empreendedorismo feminino, que virou um frisson tanto entre ONGs como entidades de perfil empresarial com atuação social, e a gente no Brasil tem uma proliferação gigantesca desse tipo de entidade empresarial. Em 2014, inclusive, a ONU estabeleceu o dia 19 de novembro como o Dia do Empreendedorismo Feminino, que concorre um pouco com 8 de março. Só que esse discurso é uma armadilha. Ao mesmo tempo em que enfatiza uma questão importante para as mulheres, a independência econômica, ele o faz mascarando a exploração do trabalho precarizado feminino. Então a revendedora da Avon, por exemplo, um trabalho precário que já é bem antigo no Brasil, ganha agora um novo rótulo. Esse empreendedorismo também reforça o estereótipo de gênero, com supostas qualidades intrínsecas às mulheres, como o de que elas conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, são mais proativas, são mais intuitivas, mais sensitivas etc. Ou seja, levanta a bola das mulheres reforçando um estereótipo que as acaba oprimindo, porque a mulher que não consegue ser bem sucedida e não consegue entrar nesse case de sucesso vai se sentir um fracasso. É, digamos, um sequestro de ideias e bandeiras que sempre foram defendidas pelos movimentos sociais, pelos de baixo, pelos oprimidos. O próprio direito ao aborto:hoje há movimentos de direita neoliberal no Brasil defendendo o direito ao aborto, como o Livres. Só que defendem como? Desde que a mulher pague, desde que seja via mercado. Isso não resolve o problema das mulheres trabalhadoras, que precisam do direito ao aborto oferecido por um sistema público universal de qualidade de saúde.

E dentro do movimento social, quais as disputas?
Também há muitas disputas e muitas divergências. Por exemplo, tem uma corrente grande dentro dos movimentos feministas que é mais identitária, que acaba promovendo uma separação – voluntária ou não – da luta das mulheres de outras lutas mais gerais, mais universais, como a dos trabalhadores, ou até mesmo de outros setores oprimidos da sociedade, como os negros e os LGBTs. Existe, por exemplo, a corrente do feminismo radical, contrária ao movimento das mulheres transexuais. Isso é um exemplo de uma divergência dentro do campo feminista, entre as que estão na luta. Há socialistas que estão nessa luta, colocando suas ideias tentando superar justamente essa fragmentação. E aí entra aquele delicadíssimo debate do lugar de fala, que diz que somente o oprimido pode falar sobre a opressão que sente. Isso é uma questão que se tornou das mais relevantes hoje no mundo todo, acredito, e no Brasil é muito forte. A gente vê que nas redes sociais, principalmente, mas também dentro dos movimentos reais, em assembleias, reuniões, esse tem sido um debate central e, infelizmente, um debate muito mal parado.

Por quê?
Eu sou uma feminista marxista, então acredito que existe uma especificidade dentro da classe trabalhadora dos setores que são mais oprimidos, mais explorados, mais precarizados e que sofrem mais com o capitalismo e com tudo que vem junto com o capitalismo e com o patriarcado. As mulheres, os negros, os LGBTs. Porém, todos esses setores estão dentro de uma coisa maior, que é a classe. A classe não é uma coisa unívoca; ela é multifacetada, ela é heterogênea, é marcada por distinções, que são, inclusive, exploradas pelo capitalismo. O capitalismo explora a concorrência entre os trabalhadores desde sempre. Há algumas linhas de pensamento feminista que não fazem a crítica até o fim ao neoliberalismo e ao capitalismo, e eu discordo bastante dessa visão, embora estejamos juntas nas lutas. Mas acredito que a única saída real pra questão das mulheres é fora do capitalismo, é fora desse sistema, porque o patriarcado só vai acabar quando o capitalismo acabar. Ao mesmo tempo, a gente não vai esperar o capitalismo acabar pra lutar contra patriarcado. A gente tem que lutar contra as duas coisas ao mesmo tempo, porque essas lutas são indissociáveis. E acredito que os movimentos que separam ou que obstruem uma discussão mais ampla usando esse argumento do lugar de fala, por exemplo, são prejudiciais para esse debate, que fica muito travado.Acaba tendo uma interdição ao debate. Você acaba, antes de emitir qualquer opinião sobre qualquer tema relacionado às mulheres ou dentro da esquerda, tendo que se perguntar se você tem lugar de fala para falar sobre aquilo ou não. Isso é uma interdição ao debate na minha opinião.

Como você vê a importância do Dia Internacional das Mulheres no contexto atual, tendo em vista essa conjuntura de reascensão do neoliberalismo, principalmente desde a crise de 2008, e também de ascensão da extrema direita e do populismo em vários países? Qual importância que você vê, nesse contexto, das lutas feministas?
Essa é uma questão muito importante.Acredito que, no mundo todo, o feminismo tem sido uma das principais forças a resistir a essa onda conservadora. No Brasil a gente viu isso em 2013, 2014 e 2015, principalmente. Estamos vendo no Brasil e no mundo o avanço de propostas conservadoras com relação ao direito reprodutivo das mulheres. Nos Estados Unidos, desde os anos 1990, os retrocessos são enormes, na França também… Nos Estados Unidos, em muitos estados em que havia sido aprovado o aborto a legalização foi revertida por conta da pressão de um movimento cristão, o Movimento Pelo Direito à Vida – que tem o mesmo nome no Brasil. Mas a vida que se defende nunca é a das mulheres que morrem fazendo aborto clandestino aos milhões. Essa reascensão do conservadorismo cristão e do conservadorismo de maneira geral, que não tem a ver com uma religião específica, está vindo pra cima dos direitos que foram conquistados principalmente nos anos 1960 e 1970. No Brasil é um pouco diferente. Como nos anos 1960 e 1970 estávamos numa ditadura, só vamos começar a falar e ter movimentos por direitos já na transição, nos anos 1980 e 1990. Recentemente, no período do governo Lula, houve também avanços com a lei Maria da Penha e outras medidas, como a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, que foi extinta pelo governo Temer. Sob o governo Temer a gente está vendo um retrocesso em altíssima velocidade.

Quais os principais retrocessos, na sua visão?
A primeira coisa a ser lembrada é a polêmica em torno do que era inicialmente um ministério formado só por homens, um machistério. Depois, o Temer tentou consertar um pouquinho colocando a Fátima Pelaes, uma deputada do Acre que foi feminista nos anos 1970, mas virou da bancada chamada Pró-Vida, antiaborto, no Congresso. Ou seja, tentou consertar e ficou pior ainda, porque colocou uma mulher que é antidireitos para as mulheres e, ao mesmo tempo, fez essa reestruturação ministerial com a extinção de diversos ministérios voltados para o combate às opressões. E, enquanto o governo alegava que não tinha dinheiro para políticas públicas pra mulheres, ao mesmo tempo aprovava, por exemplo, a substituição do software livre no sistema de computação do governo por produtos da Microsoft, gastando milhões com os produtos da empresa. Então a gente vê que o problema não é a falta de dinheiro, é a opção política mesmo, por não dialogar com movimentos feministas. A situação tende a piorar, tanto quanto ao financiamento de políticas públicas pra reduzir o número de mortes em abortos e para diminuir a violência contra a mulher como,, ao mesmo tempo, quanto à repressão ao movimento feminista e, ainda, quanto à aprovação de projetos de lei que criminalizam, por exemplo, mulheres que fazem aborto. Essa foi a última grande novidade do nosso Congresso em relação a esse tema.

Quais as bandeiras que você vê como mais urgentes em relação às lutas das mulheres hoje?
Temos que lutar contra a reforma da Previdência, que vai atingir crucialmente as mulheres; a favor do aborto legal, seguro, gratuito, fornecido pelo SUS; por um SUS com financiamento suficiente, e por isso a gente tem que lutar contra a austeridade; contra a violência contra a mulher, que segue altíssima no Brasil, como mostram os números de estupros ede assédios, que já são subnotificados. Acho que essas lutas se ligam: as lutas contra a austeridade, contra esses ataques aos direitos sociais como um todo, como a reforma da Previdência, e a reforma trabalhista – que foi aprovada e vai atingir enormemente as mulheres, maior número entre os terceirizados e, assim, mais atingidas pelaperda de direitos. Não tem como separar, como dizer qual é a mais importante. A gente tem que lutar pelas pautas específicas das mulheres, que, na verdade, são pautas por uma sociedade mais igualitária. Nós temos que ter todo mundo: homens, mulheres, negros, LGBTs, e quaisquer pessoas que estejam contra essa ofensiva conservadora e a retirada de direitos nessa luta.Agora é o momento de unidade, não é momento de fragmentação, não é momento de disputa entre os que estão sofrendo os ataques.

Gostaria de ouvir a sua análise sobre essa polêmica recente envolvendo as feministas francesas e as feministas americanas ao redor do movimento do Me Too, que levantou denúncias de assédio na indústria do cinema norteamericana. O quanto o protagonismo dessa luta das atrizes contra o assédio no contexto todo do movimento Me Too revela sobre o feminismo hoje, no contexto que a gente está vendo de aumento da desigualdade, etc?
Eu acompanhei bastante por alto essa questão das denúncias das atrizes, mas achei ótimo que figuras famosas, que são conhecidas dentro da indústria cultural, por grandes populações, estejam vindo a público pra fazer essas denúncias. Isso é fundamental, dá mais visibilidade. A gente até pode falar que são atrizes que ganham milhões, mas não importa: o machismo está presente ali também. Tem dois planos de análises aí. Elas recebem menos que os homens, são relegadas a condições mais subalternas e também, por outro lado, nos próprios filmes, nos próprios roteiros, são retratadas de uma forma estereotipada.Na maioria das vezes, na grande indústria cultural, a mulher só é feliz se no final do filme se casa ou quando dá conta de tudo, do trabalho, do marido, do filho. Acho que as denúncias incentivam as mulheres comuns, as mulheres que estão em posições muito mais vulneráveis na vida, a fazerem denúncias de assédio. Claro que tem uma série de coisas que podem contribuir pra que essa mulher, que precisa de um emprego, consiga fazer essa denúncia. É uma disputa das mulheres que estão nessas condições mais vulneráveis de vida, e é muito mais difícil. Ao mesmo tempo, essa mulher poderia nem saber que estava sofrendo assédio, ou que o nome daquilo que ela está sofrendo no emprego é assédio. E, vendo isso, ela pode avançar em sua consciência. Essa mudança, ainda que não resolva o problema individualmente, pode trazê-la para o movimento feminista, por exemplo.

Publicado originalmente no site da ESPJV/Fiocruz

 

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8 de março 2018 / 8M