Por Lucas Fagundes, Porto Alegre, RS
No dia 26 de fevereiro, o secretário de Educação do Rio Grande do Sul foi extremamente infeliz numa entrevista ao jornal Zero Hora. O Sr. Ronald Krummenauer que, de excelentíssimo não tem nada, disse com todas as letras: “Me arrependo de não ter fechado mais escolas”. Vejam só, seguindo a lógica, os secretários são nomeados pelo governador do Estado para que “tomem conta” de determinada área do Estado. Ou seja, o grande responsável pela educação do RS afirma, no maior veículo de informação do Estado, que, devido à baixa taxa de natalidade e ao menor número de matrículas nesse ano, o ideal é que se fechem escolas.
Nada melhor pra começar tratando desse assunto do que entender quem é o secretário. Ronald fez vários cursos sobre economia pelo Brasil e pelo mundo, um ou dois sobre educação, também já fez parte do governo de Tarso Genro e desde 2006 é um dos empresários empenhados em construir o Agenda2020, um programa bancado por empresários do RS que usam “indicadores e estatísticas sociais” para oferecerem a sociedade soluções e “novas saídas” aos problemas do estado.
O ajuste de Temer após o golpe que se consolidou em julho de 2016 foi uma carta verde pra que os governadores aprovassem projetos que tinham impacto a longo prazo e aqui não foi diferente. No fim de 2016 nós tínhamos a PEC do Teto de Gastos aprovada e a reforma do Ensino Médio seria aprovada dois meses após. E, no RS, Sartori vendia, dentro da Assembleia Legislativa, cercada por policiais militares, várias das fundações públicas como a FEE, a Fundação ZooBotânica. Enfim, uma verdadeira covardia com os servidores púbicos.
A educação precisa ser tratada como prioridade máxima em todos os cantos do Brasil. Se hoje temos um sistema carcerário em decadência e extremamente degradado é também pelo descaso com a educação. Fechar ou construir escolas não se trata de uma questão estatística. Escola se constrói sempre, mas antes é preciso manter as escolas construídas funcionando e com qualidade.
A saída mais inteligente e humana é colocar o aluno dentro da escola, com uma merenda adequada, professores valorizados e bem remunerados, com infraestrutura de qualidade ou prender e matar nas vielas das cidades? As greves dos professores, que desde 2013 têm crescido em quantidade aqui no RS, nos mostram que a classe quer mudar, a classe necessita de algo diferente quando se pensa em educação. Todos envolvidos desde a porteira até o aluno que senta no fundo da sala, todos são atingidos pela precariedade da educação do Estado.
É preciso que olhemos para os nossos estudantes como o verdadeiro futuro do nosso País, como dizem os tais “cidadãos de bem”. Não precisamos fechar escolas, a gente precisa abrir as mentes! É importantíssimo, ainda mais num ano de eleições no nosso país e no estado, que saibamos quem colaborou para que as escolas piorassem desde 2014 pra cá, quem colaborou para que os investimentos e verbas fossem desviadas. Precisamos estar alertas. Não temos mais como confiar em quem diz que Educação é mercadoria e muito menos reeleger aqueles que destruíram as escolas, hoje apoiam o parcelamento dos salários e, ainda por cima, se dizem representantes do povo.
A nossa saída é uma só. Unidade pra defender a educação de qualidade de Norte a Sul do País. Seja nas ruas, nas escolas, nas casas, enfim, o que importa é resgatarmos o mais rápido possível a consciência do povo que ainda acredita na educação como a solução pra muitos dos problemas do nosso país. Precisamos de novos rumos para a educação brasileira
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