Por: Ademar Lourenço, de Brasília
Depois que o Ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou que vai processar a Universidade de Brasília (UnB) por oferecer uma disciplina sobre o golpe de 2016, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a Reitoria da instituição publicaram notas de repúdio.
A matéria, do curso de Ciências Políticas, tem como objetivo entender os elementos que levaram ao impeachment de 2016 e suas conseqüências. O professor que ministra a disciplina não quer falar com a imprensa para evitar o que ele considera uma polêmica desnecessária.
Para o DCE da UnB, esta é “mais uma medida do estado de exceção em que estamos vivendo, e que ocorre no mesmo momento em que avança a militarização da sociedade, com a intervenção no Rio de Janeiro”.
A entidade estudantil também denuncia o corte de verbas sofrido pelas universidades brasileiras neste ano e ações arbitrárias da política federal na Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal de Santa Catarina. Neste último caso, o reitor da universidade chegou ao suicídio.
“Lutamos para que estudantes e professores possam trabalhar pela construção de um conhecimento útil à nação, que contribua para a reflexão dos problemas e desafios de nossa nação e como superá-los, cumprindo assim a função social da universidade”, ressalta o DCE.
A reitoria também se manifestou, afirmando que a formulação de disciplinas é responsabilidade das unidades acadêmicas que possuem autonomia sobre suas ementas e produção científica.
Processa professor, mas recebe propostas de educação de Alexandre Frota
O ministro da educação, Mendonça Filho, está há quase dois anos no cargo e não recebeu até hoje nenhum professor em seu gabinete. Mas em maio do ano passado recebeu o ator Alexandre Frota, que teve espaço para apresentar suas propostas para a educação brasileira. Entre elas, o projeto chamado “escola sem partido” que proíbe discussões políticas na sala de aula.
Frota não tem nenhum trabalho reconhecido na área de educação, mas é militante político próximo a grupos que organizaram as manifestações em defesa do impeachment em 2016.
Ministrar uma matéria sobre o golpe, segundo o ministro, é uso de dinheiro público para fins partidários. Usar a agenda de ministro para receber alguém sem nenhum trabalho na educação para receber propostas na área, segundo o mesmo ministro, está tudo bem.
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