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Movimentos sociais se reúnem para discutir ações contrárias à intervenção militar no Rio de Janeiro

Profissionais de saúde relataram problemas nas comunidades

Da Redação

Presentes relataram problemas nas comunidades do Rio de Janeiro e as consequências da intervenção

Nesta quarta-feira (21), movimentos sociais, entidades de trabalhadores e de estudantes se reuniram no Sindicato dos Profissionais em Educação (Sepe-RJ), para discutir a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, de caráter militar, anunciada pelo Governo Federal. O objetivo foi pensar em estratégias para, de forma conjunta, se contrapor a essa medida.

A reunião, convocada pela Associação Nacional dos Docentes em Ensino Superior (Andes-SN), reuniu cerca de 60 pessoas, com representação de diversos sindicatos, trabalhadores, estudantes e organizações de esquerda. As lideranças foram unânimes quanto à necessidade de serem contrárias à intervenção.

Entre os participantes, estava o secretário geral da Federação de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj), que lembrou o surgimento da entidade, em junho de 1963, antes da ditadura militar, para lutar contra as remoções que ocorriam nas favelas cariocas naquele período. Ele fez referência à situação vivida hoje nas comunidades e destacou o significado da presença do Exército. “Nosso trabalho é fazer com que as pessoas identifiquem que a intervenção é um processo político, que as pessoas enxerguem isso como uma nova fase de um golpe, de um governo impopular e inimigo da população”, afirmou Felipe. Com a notícia de uma intervenção militar, principalmente nas favelas, a federação inicialmente organizou uma plenária de emergência, que reuniu a diretoria e, nesta terça-feira (20), convocou uma nova reunião que lotou a sede da entidade, com representações de parlamentares, partidos e movimentos sociais. Alguns encaminhamentos foram pensados, como a organização de um observatório da intervenção, para denunciar os abusos das ações.

Profissionais de saúde e educadores, por sua vez, relataram situação de repressão que já acontecem nas escolas, unidades de saúde e territórios mais massacrados do Rio de Janeiro. Segundo afirmam, os desmandos da militarização, que ganhou caráter midiático durante os megaeventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, vão ser aprofundados e legitimados com o novo comando e a ação do Exército. “Independente do motivo, é necessário que o movimento sindical e social dê uma resposta. A saúde trabalha na favela e já há relatos da polícia entrar na clínica da família e querer investigar pacientes. Ideologicamente isso também deve mexer no soldado que está na UPP, para tentar reprimir mais ainda. Por isso, é preciso nos nossos fóruns e no nosso dia a dia fortalecer esse processo de luta”, argumentou a trabalhadora da saúde e membro da coordenação estadual da CSP-Conlutas Cintia Teixeira.

Alguns presentes, durante a reunião, deixaram nítido o caráter eleitoreiro da medida de Michel Temer. Para o vereador Renato Cinco (PSOL), a intervenção não resolverá a questão da violência por não atacar a raiz do problema. “Essa é uma jogada eleitoral do Michel Temer para tentar se cacifar como candidato a reeleição. Ainda, a intervenção federal no Rio de Janeiro se coloca no contexto da guerra às drogas como pretexto para criminalizar a pobreza. É um passo a mais para essa estratégia. O argumento é que seria para combater o tráfico, mas, para isso, não seria necessária a intervenção”, argumentou.

No mesmo sentido, advogado e militante do MAIS, corrente interna do PSOL, Gabriel Ferreira refletiu o endurecimento do regime a partir desta medida e questionou o investimento destinado à operação, enquanto existe o sucateamento de áreas essenciais no Rio de Janeiro. “Esse é um marco na mudança da situação política que aprofunda a violação das liberdades democráticas e de direitos e o Rio de Janeiro é uma vitrine para o País. O Governo Temer dar o governo para um general do Exército é uma mudança qualitativa para o que já existia com a GLO ou as ocupações nas favelas. Todas as sinalizações do governo apontam para isso. Ainda, as filas por emprego, os problemas nas favelas são gritantes. O Temer agora estabeleceu que vai destinar um bilhão para a ocupação militar e nós queremos que esse dinheiro vá para saúde e educação”, argumentou.

A principal conclusão da plenária foi a necessidade de unificar todas as iniciativas no sentido de lutar contra a intervenção militar no Rio de Janeiro. Alguns encaminhamentos serão levados às entidades e movimentos presentes. Entre as proposições que serão discutidas em próximo encontro estão a organização de uma comissão popular da verdade para notificar as violações; um observatório da intervenção; criação de um fórum de luta contra a intervenção com participação do maior número de entidades; construção de um calendário de discussão nas escolas; ações nas unidades de saúde para discutir com as pessoas; concentrar forças para construção de um ato unitário; discutir para que o 8 de março e todos os atos daqui para frente incorporem a pauta da intervenção; que todas as mídias alternativas divulguem o tema; realização de uma campanha com o tema ‘o que é que é segurança’; construção de um plano alternativo para economia e para segurança pública e discussão da pauta de novas eleições no Rio. Ainda, foi dado informe de reunião sobre o tema na OAB, nesta quinta-feira (22) e na próxima terça-feira (27) na Faferj.