Sobre o aumento das passagens em São Paulo: 4 reais é um assalto!
Publicado em: 28 de dezembro de 2017
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No final de um ano difícil para o povo trabalhador, o prefeito de São Paulo João Dória, e seu padrinho político, governador do estado, Geraldo Alckmin, anunciam o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô para 4 reais.
Por Camila Lisboa, de São Paulo
Alckmin, assim como seu secretário de transportes Clodoaldo Pessilioni, alegam que este aumento é necessário em função dos custos do serviço. Será mesmo? O atual reajuste está abaixo da inflação do último período. Mas não foi isso que ocorreu dos últimos anos para cá. Desde meados da década de 90, se a tarifa tivesse aumentado apenas o valor correspondente à inflação, este valor hoje não passaria de 2 reais.
O que ocorreu ao longo de todos esses anos foi a garantia de lucros exorbitantes para a máfia dos transportes de ônibus, que financiaram diversas campanhas de candidatos ao governo e à prefeitura. A base disso foram anos e anos de reajustes acima da inflação. Além disso, as autoridades faltam com a verdade quando dizem que os custos dos serviços aumentaram. O metrô de São Paulo vê crescer a quantidade de usuários transportados e diminuir a quantidade de funcionários. Além disso, as condições de trabalho estão piores. Neste ano de 2017, chegou-se a não ter mais copos descartáveis nas áreas de trabalho sob a alegação de falta de verbas.
Novamente, o governador coloca esse reajuste na conta dos trabalhadores do transporte e dos usuários que utilizam o direito a gratuidade. Alckmin alegou que a quantidade de passageiros que utilizam o direito aumentou e que isso acarreta custos. Com essa declaração, o governo do estado não apenas responsabiliza quem tem direito de andar de graça, porque trabalhou a vida inteira e agora é mais do que justo gozar desse direito, como também mente. Em 2015, foi pública a notícia de que o governo do estado não repassa o valor da gratuidade para o metrô.
Não vamos pagar a conta da crise!
Acreditamos que há outros caminhos para enfrentar a crise econômica que não seja pela via de responsabilizar a população e o povo pobre da cidade, que são quem mais utiliza o serviço de transporte. Um dos caminhos é prosseguir a investigação sobre as denúncias de cartel que envolvem empresas e o metrô de São Paulo. Se as denúncias são verdadeiras, não apenas os culpados devem ser punidos, como devem devolver o dinheiro aos cofres públicos. Este dinheiro poderia ser muito bem utilizado para melhoria e ampliação do transporte na cidade, que está cada vez mais caótico.
Também não acreditamos que privatizar seja o caminho para desafogar as contas públicas. O modelo de concessão da Linha 4, que é o mesmo modelo através do qual Alckmin quer entregar a linha 5, gera mais gastos ao estado, pois o contrato garante os lucros do consórcio vencedor por até 30 anos!
Assistimos a uma verdadeira inversão de prioridades. Enquanto os governos resolvem a crise dos empresários, piora a já difícil situação do povo trabalhador. Isso só vai ser revertido se o povo for para a rua. Unir os trabalhadores do transporte com os usuários do serviço porque este aumento não beneficia ninguém, a não ser os comparsas de Dória e Alckmin.
Imagem: Mídia Nija
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