Ensino, pesquisa e intervenção cultural num barco: Conheça e colabore com o projeto “Boto”

Um barco a navegar pela Baía de Guanabara e servir como plataforma para ensino, pesquisa e intervenção cultural. O projeto, denominado “Boto”, parte de uma iniciativa do historiador e mergulhador Fellipe Redó ante o descaso de sucessivos governos com a despoluição desse território. Trata-se de um conjunto de iniciativas socioambientais que vai desde a experimentação artística, denúncia pública de crimes cometidos contra o meio ambiente, até a pesquisa marinha e conta com o apoio de diversos colaboradores.

Por: Isabela Blanco, do Rio de Janeiro

 

A reflexão proposta pelo biólogo Mauricio Andrade¹ sobre a Baia é onde queremos chegar em nossa relação com sobre seus 380 km² de espelho d´água e 82 km² de mata restante. A perda de biodiversidade é alarmante, mesmo assim, o ambiente impactado sabiamente se adapta e se transforma por um sistema de ecologia sucessiva. Porém, na maior parte das vezes este sistema é só de uma via.

Hoje, inúmeras publicações científicas divulgam dados sobre décadas de descaso, a necessidade de uma intervenção incisiva, de soluções inteligentes e sinérgicas através de políticas públicas, sociais, econômicas, ambientais e da sociedade civil. “Há de se tomar muito cuidado para não cometermos os erros do passado, tomando a baia de Guanabara como refém de um apelo ambiental em troca de investimento financeiro público ou privado jogado por água abaixo”, explica Maurício parceiro do Boto e fundador da Cabra Bom Soluções Aquáticas.

Um cineclube itinerante que percorrerá as margens da Baía, praia da Urca, complexo da Maré e Paquetá, projetando filmes que tratem de sustentabilidade, educação ambiental e animações com os respectivos temas para atrair o público infantil, sem deixar de lado outras importantes questões que também nos acercam, como feminismo, racismo, luta indígena e políticas territoriais. Essa iniciativa, conta com a cineasta Tarsilla Cristina Alves² (fundadora do Cineclube Pajé) e que passou três meses vivendo em alto mar. Logo após, rodou Minas Gerais e o Nordeste do Brasil com o CINESOLAR: um cinema itinerante sustentável movido à energia Solar, eis que volta ao Rio de janeiro, conhece o projeto o BOTO e com sua nova produtora “ONDA” vira parceira do projeto.

O experimento pode propiciar diversos diálogos e reflexões entre artistas e população sobre a cidade, a arte, meio ambiente, política, a especulação exploratória de recursos hídricos e naturais, a crise da água em todo o planeta e a urgente necessidade de se apontar caminhos para o presente-futuro das espécies – como a nossa. A artista maranhense Cris Campos  “mergulhará com o Boto onde desenvolverá experimentos cênicos-
poéticos-narrativos- sonoros na embarcação”³ trazendo um espaço lúdico para uma população refém de um política cultural elitista.

O projeto Boto está no site de financiamento coletivo Benfeitoria até o dia 07 de Janeiro de 2018 e precisa arrecadar R$5.500,00 para sair do papel. Aos colaboradores que podem doar R$15, 30, 50, 100, 200 serão ofertados uma série de contrapartidas “recompensas” como visita ao ateliê onde a embarcação será construída, velejada a bordo do Boto, fotos incríveis da Baía e agradecimentos especiais na Festa de Iemanjá.

Participe você também!

1.Maurício Andrade B. dos Santos -Biólogo / Técnico : Laboratório de Recursos Marinhos (LAREMAR), Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e Sócio gerente na Cabra Bom Suporte & Soluções Aquáticas.

2.Tarsilla Cristina Alves – É cineasta, fundadora do Cineclube Pajé e criadora da produtora Onda.

3.Cris Campos – Cantora, atriz, compositora, e contadora de histórias do espetáculo, mestranda em Estudos Contemporâneos das Artes, na UFF-RJ, através da pesquisa Da Nascente à Foz: O Estudo da Jornada da Sereia no Espetáculo DasÁguas.