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EDITORIAL

Nos queremos vivas: Remís Carla, presente!

Neste Natal, somos uma a menos. Remís Carla era estudante de pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco, militante do movimento estudantil, atuante no feminismo popular. Seu corpo foi localizado a cerca de 400 metros da casa do ex-namorado, que confessou o assassinato.

Por Gisele Peres, da Redação

Remís Carla Costa desapareceu no último domingo (17), após sair da casa do ex-namorado, Paulo Cesar de Oliveira. De acordo com a família da jovem, houve uma discussão naquele dia, dentro da casa dele, no bairro de Nova Morada, no Recife.

Inicialmente, em depoimento à polícia, Paulo negou qualquer tipo de agressão e afirmou que, após a briga, não teve mais informações sobre Remís. No perfil do Facebook dele, há inclusive uma publicação pedindo informações sobre o desaparecimento da jovem.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, na noite deste sábado (23) Paulo foi autuado por ocultação de cadáver. Em novo depoimento, confessou o crime.

É importante ressaltar que, em novembro, a estudante denunciou o ex-namorado na Delegacia da Mulher, por agressão, injúria e ameaça. Remís chegou a receber uma medida protetiva, mas, segundo a Polícia, Paulo não foi encontrado para assinar a notificação.

A reitoria da Universidade Federal de Pernambuco decretou luto oficial de três dias. O enterro foi marcado para a manhã deste domingo (24), no Cemitério Campo Santo São José, em Paulista, região metropolitana de Recife.

Nos queremos vivas!

O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de “homicídios dolosos praticados contra mulher por razões da condição de sexo feminino” chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres.

Os coletivos e movimentos de mulheres e feministas de Pernambuco, durante a campanha de busca por Remís, denunciaram:

“Todas nós sentimos na pele o peso do machismo e da misoginia no nosso estado e no nosso país. Diariamente, sentimos medo ao transitar pela cidade, seja nos transportes públicos, ou em táxis e Ubers. Criamos estratégias de sobrevivência e proteção para que possamos chegar vivas e ilesas nas nossas casas. Somos agredidas e violentadas dentro das nossas próprias casas, muitas vezes denunciamos e somos duplamente maltratadas e nos tornamos apenas número na estatística fria da Secretaria de Defesa Social. CHEGA! NENHUMA A MENOS! NOS QUEREMOS VIVAS!”

À família, aos amigos e conhecidos, expressamos nossos sentimentos e nossa solidariedade. Manifestamos também nosso repúdio à banalização da violência contra as mulheres, e a importância da luta pelo combate à cultura machista. Em memória de Remís, transformaremos nosso luto, em luta.

Remís​ Carla, presente!