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BRASIL

Moradores de Diadema resistem contra reintegração de posse e são atacados com armas de fogo

Por: Fernanda Mallak e Talita Gonsales, de Diadema, SP

Nesta semana, cerca de 15 famílias da comunidade Piratininga, em Diadema, no estado do São Paulo, receberam uma notificação de reintegração de posse durante a visita de oficial de justiça na área, informando-os de que a reintegração ocorreria no prazo de 15 dias. Esta história não é nova, há anos a Ecovias, concessionária da rodovia, tem entrado com pedidos no Judiciário para expulsar as famílias das margens da Rodovia dos Imigrantes. Os moradores, inconformados, ocuparam o local bloqueando algumas faixas com barricadas, com o objetivo de denunciar os abusos que estão sofrendo há anos, pois além de perderem suas casas, não foi oferecida nenhuma alternativa habitacional para as famílias. A resposta da polícia se deu de maneira truculenta no local, atirando com armas de fogo.

Não há dúvida de que o fato das famílias residirem nestas áreas é reflexo de suas dificuldades econômicas, atreladas à ausência de políticas públicas habitacionais capazes de atender à demanda destas. Neste sentido, as famílias não devem ser culpabilizadas e penalizadas pela desigualdade social histórica em nosso País. Repudiamos a truculência da Polícia Militar na relação com os moradores do Piratininga, a postura da concessionária Ecovias dos Imigrantes que descumpriu o acordo de paralisação das reintegrações de posse e, por último, a atuação da Prefeitura Municipal de Diadema, que não oferece uma alternativa digna para as 15 famílias que, mais uma vez, sofrem com as ameaças de remoção.

A repressão e ação militar não podem ser a resposta do Estado aos conflitos e problemas, inclusive àqueles de natureza essencialmente social. Por diversas vezes, acompanhamos de perto a remoção de ocupantes de assentamentos precários. Ocasiões em que, sistematicamente, vem sendo utilizada a violência, inclusive com armas de fogo, causando traumas, tumultos e feridos.