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EDITORIAL

O momento decisivo na luta contra a Reforma da Previdência

Editorial 07 de dezembro,

A próxima semana será decisiva na luta contra a Reforma da Previdência. Michel Temer (PMDB) pretende aprovar a proposta ainda em dezembro. Para isso, o governo está exercendo enorme pressão sobre os partidos e deputados. Nesta quarta-feira (6), Temer deu aval para que o Congresso aprovasse medidas com impacto de R$ 30 bi em troca de apoio à reforma. O fato é que o governo vem despejando gigantesca quantia de dinheiro para comprar o voto dos parlamentares.

Com o entusiasmado suporte do empresariado, a grande mídia e o governo têm feito uma campanha de terrorismo. Afirmam que sem a reforma o Brasil irá quebrar. Mentira deslavada. Na verdade, o que ricos e poderosos querem é que o governo repasse menos dinheiro para a Previdência pública e mais para os bolsos de banqueiros e grandes empresários. Por exemplo, na semana passada, a Câmara do Deputados aprovou uma lei que isenta as petroleiras estrangeiras de pagar impostos no valor de R$ 1 trilhão.

Entretanto, apesar da ofensiva do governo, a maioria da população segue contrária à Reforma Previdência. O povo entendeu que essa proposta prejudica justamente os menos favorecidos. Por conta disso, muitos deputados temem votar a favor da medida e perder votos nas próximas eleições. Até este momento, o governo ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a reforma na Câmara.

A hora da luta
A pressão dos trabalhadores pode ser fundamental para barrar a aprovação da reforma na próxima semana. Nesse sentido, é fundamental que ocorram fortes mobilizações nos dias 12 e 13 de dezembro, data prevista para a votação da proposta. As centrais sindicais têm a obrigação de convocar um dia de greve nacional. Qualquer vacilo nesse momento representará uma traição à classe trabalhadora.

Acreditamos que o conjunto do movimento sindical e social precisa incorporar o calendário aprovado pelo Fonase (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), que prevê paralisações, manifestações e atos públicos para quarta (12) e quinta (13).

Neste momento crítico, é fundamental também que os partidos e as lideranças políticas da esquerda se posicionem. O PSOL e seus parlamentares vêm atuando com firmeza contra a reforma da Previdência, assim como o MTST e Guilherme Boulos. Lula e o PT, por sua vez, apesar dos discursos contrários, não estão convocando a luta. Por que Lula não aproveita sua caravana pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo para chamar as mobilizações populares contra a reforma?

Dia 05 de dezembro: um balanço necessário
Os trabalhadores poderiam estar mais fortalecidos para a luta da próxima semana, caso as maiores centrais sindicais não tivessem desmarcado a greve nacional prevista para a última terça-feira (5). Neste dia, apesar do recuo das cúpulas sindicais, ocorreram atos importantes em quase todas as capitais brasileiras, com destaque para Aracaju (SE).

No entanto, as mobilizações ficaram muito aquém do seu potencial. Diversas categorias que tinham se preparado para parar, como metroviários, metalúrgicos, petroleiros, rodoviários, entre outras, cancelaram a greve devido ao recuo das cúpulas da CUT, Força, UGT, Nova Central e CSB. O cancelamento da greve nacional causou grande descontentamento na base dessas centrais. Mas mesmo assim algumas dessas direções seguiram fazendo o jogo dos inimigos dos trabalhadores. No próprio dia 05, a Força, UGT, Nova Central e CSB tiveram o descaramento de se reunirem com Temer no Palácio do Planalto.

Mas pode ser ainda pior. O jornal Folha de S. Paulo noticiou, nesta quinta (7), que o governo providenciou o pagamento de R$ 500 milhões às centrais em imposto sindical supostamente atrasado. Se esta notícia for confirmada, estaremos diante de um escândalo: parte da cúpula das centrais estaria ajudando a vender o direito dos trabalhadores em troca de dinheiro.

A CSP-CONLUTAS, Intersindical e MTST tomaram a decisão correta de manter a convocação dos atos do dia 05, o que forçou as centrais a manterem a convocação dessas atividades. Agora é hora de redobrar a pressão e fortalecer as mobilizações unitárias da próxima semana.

Foto: Julia Gabriela | Esquerda Online