Diante das últimas notícias sobre a venda de ativos envolvendo as refinarias da Petrobras, publicamos, abaixo, um texto elaborado e publicado em julho deste ano, pelo grupo Reage Petroleiro
Por: Marcello Bernardo, de Duque de Caxias, RJ
As refinarias de petróleo são indústrias ou fábricas que produzem os principais combustíveis utilizados no Brasil. Elas produzem Óleo Diesel e Gasolina, que pelo modelo de transporte rodoviário do país dimensiona a importância do refino. As refinarias também produzem o GLP, o famoso gás de cozinha que serve de energia para milhões de casas.
O petróleo é retirado do fundo do Mar ou dos poços terrestres, vai para as refinarias, que com grandes e perigosos equipamentos e máquinas é transformado nos derivados, como os combustíveis. O Petróleo pode gerar dezenas de produtos diferentes, além dos combustíveis, plásticos, óleo lubrificante, remédios, parafina alimentícia, chiclete, dentre outros.
Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível, no Brasil há 17 refinarias de petróleo e 13 refinarias pertencem à Petrobrás, que correspondem a 98,2% da capacidade total de refino do País. Em 2016, todas as 17 refinarias processaram 106 bilhões de litros de petróleo no ano e foram gerados pouco mais de 110 bilhões de litros de derivados de petróleo. Desse total de derivados produzidos, 45 bilhões de litros foram de Óleo Diesel, 26 bilhões de litros de Gasolina, 7 bilhões de litros de GLP e 778 milhões de litros de Lubrificantes e Parafinas.
O exemplo da Reduc
Segundo a Petrobras, a Reduc – Refinaria de Duque de Caxias, situada em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, começou sua produção em 1961. A Reduc hoje produz cerca de 55 produtos diferentes, 80% da produção nacional de lubrificantes, e um capacidade instalada de 239 mil barris de petróleo por dia. É responsável por 10,1% do petróleo refinado do país.
Em 2016, produziu 12,3 bilhões de litros de derivados de Petróleo. Dessa quantidade, se produziu 1,8 bilhão de litros de gasolina, 3 bilhões de litros Óleo Diesel, 1,1 bilhão de GLP (Gás de Cozinha), 470 milhões de litros de lubrificantes e 13 milhões de litros de Parafinas.
A Reduc teve um faturamento bruto de quase R$ 20 bilhões. Desse valor, um pouco mais de R$ 7 bilhões foi para impostos. A refinaria deve empregar hoje, em 2017, cerca de 3 mil funcionários, entre petroleiros concursados e terceirizados. A refinaria produz 24 horas por dia, 365 dias no ano.
De acordo com a ANP, a Reduc tem capacidade para armazenar 1 bilhão de litros de Petróleo, e 1,8 bilhão de litros de derivados de petróleo, intermediários e etanol, o que representa a segunda maior capacidade de armazenamento do País, exigindo grandes e numerosos tanques e dutos.
Importação de derivados versus produção nacional e estatal
Esse patrimônio industrial construído por décadas pela nação brasileira, e pelos petroleiros e petroleiras em particular, está sendo desvalorizado e perdendo espaço para as grandes empresas privadas internacionais. No ano de 2016, o País importou 28,3 bilhões de litros de derivados petróleo, 2,9 bilhões de gasolina, 7,9 bilhões de Óleo Diesel e 4,1 bilhões de litros de GLP.
Isto tem sido a opção política da gestão de Parente e Temer. Basta ver que as Refinarias nacionais tiveram uma taxa de utilização de 75,1% nos últimos 12 meses. Além da volta da produção das atuais refinarias, com investimentos que garantam a segurança das instalações e a saúde dos trabalhadores, a direção da empresa e do governo podem expandir o parque do Refino, por exemplo com o Comperj e a RNEST.
Segundo a Petrobras, o Comperj, localizado em Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro, teria uma capacidade de processamento de 165 mil barris de petróleo por dia, e está com 82% da obra concluída. Mas as obras estão paradas e sem previsão de recomeço. Já a segunda parte da Refinaria Abreu e Lima – RNEST, localizada em Pernambuco, teria a capacidade de processamento de 115 mil barris por dia. Está com mais de 80% da obra concluída.
Se o mercado interno de consumo de derivados de petróleo, em especial os combustíveis, está demandando uma quantidade enorme de importação, nós deveríamos concluir as obras do Comperj e da RNEST, fortalecendo a indústria nacional e estatal, gerando emprego e renda para o País. Todo esse investimento no Comperj e RNEST pode e deve ter retorno.
Diante desse cenário, é necessário defender nossas riquezas e nosso patrimônio. Toda essa riqueza produzida deve ajudar na geração de emprego e renda, no financiamento da educação e da saúde, por exemplo.
Por isso, defendemos:
Nenhuma venda de ativos da Petrobras. Não abertura de capital das refinarias;
Pela conclusão das obras do Comperj e da RNEST;
Por uma Petrobras Estatal a serviço do povo brasileiro.
Foto: Reduc | Divulgação Petrobras
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