Por: Beatriz Corleone, de Camaçari, BA
A Tecsis, empresa química fabricante de pás eólicas, informou, nesta semana, ao sindicato da categoria, que pretende demitir 500 trabalhadores. O Sindiquímica realizou assembleia com os funcionários na manhã desta sexta-feira, dia 24 de novembro, e afirmou que vai a uma nova reunião com a empresa na tentativa de reduzir, ou evitar as demissões. A possibilidade de lay off já foi descartada, pois a empresa não cumpre todos os requisitos legais para isso.
Na planta de Camaçari, a Tecsis possui entre 700 e 800 funcionários, mais algumas dezenas que vieram emprestados das plantas que haviam em Sorocaba, no estado de São Paulo. As unidades paulistas foram fechadas em 2017, mas ainda há funcionários contratados por lá, que aguardam informações sobre seu futuro na empresa. A planta de Camaçari também possui diversos trabalhadores terceirizados na limpeza, refeitório, segurança patrimonial e transporte, que não constam deste número informado ao sindicato, mas que também terão seus empregos ameaçados com a redução do pessoal efetivo.
Em outubro, já havia sido noticiado que a empresa teve seu pedido de renegociação extrajudicial deferido. A medida de renegociação extrajudicial é um dos passos possíveis a serem dados por uma empresa em crise financeira antes de solicitar falência.
A Tecsis já foi uma das maiores fabricantes de pás eólicas do Brasil e líder na produção de pás customizadas. Para a construção desta nova planta em 2015, contou com vários incentivos governamentais. Porém, hoje a empresa encontra-se em grave crise, tendo fechado todas as suas plantas em Sorocaba e região, e com forte ameaça de fechamento da última unidade em Camaçari.
A situação da Tecsis é parte de um quadro de crise econômica que afeta todo o país. Havia um cenário anterior de crescimento na demanda por pás eólicas que atualmente não existe mais, provocando uma série de rupturas de contratos. O crescimento no ramo eólico se dava por incentivos do Governo Federal, que em 2016 e 2017 não realizou nenhum leilão para permissão de construção de novos parques eólicos. Por isso, muitos funcionários comentam sobre a responsabilidade do governo Temer sobre essas demissões.
Para a cidade de Camaçari, a possível perda desses 500 postos de trabalho representaria um grave impacto, com agravamento ainda maior do quadro de desemprego na região e retração da economia local.
É preciso cercar de solidariedade os trabalhadores da Tecsis, lutar de forma unificada em defesa desses empregos, para que não haja nenhuma demissão. A defesa desses postos de trabalho é uma luta de todos em Camaçari.
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