Por: Ademar Lourenço, de Brasília*
Segundo o Monitor do Debate Político do Meio digital, o principal tema discutido nas redes sociais ultimamente são as ações do Movimento Brasil Livre (MBL) contra palestras, exposições e outras expressões artísticas. E o interessante é que estas ações ocorrem exatamente no momento em que Temer é salvo pela segunda vez no congresso e a reforma da previdência volta a tramitar.
Não é segredo para ninguém que o MBL apoia as reformas do governo Temer. O movimento foi o principal articulador do impeachment de Dilma. Na época, prometia lutar implacavelmente contra a corrupção. Quando o vice de Dilma entrou no governo, eles passaram a não focar mais em “tirar os corruptos do poder”. Vieram os inúmeros escândalos de corrupção e as gravações que comprometem o presidente, mas o MBL não foi para as ruas. Sua posição em relação ao atual governo é confusa. Às vezes critica, às vezes elogia.
Mas este mesmo movimento apoia incondicionalmente as reformas que Temer tem implementado. Para eles, a reforma trabalhista, a lei terceirização e a PEC do teto de gastos vão ajudar a economia do país a subir. É a chamada “agenda liberal”, que prevê que o governo proteja menos o trabalhador e regule menos as atividades dos empresários. Não é a toa que eles são tão paparicados pelo empresariado. Não é a toa que o prefeito de São Paulo, João Dória, é o ídolo deles.
O problema é que 97% da população brasileira não aprova o governo Temer. A chamada “agenda liberal” também não tem popularidade. Pesquisa recente da Folha de São Paulo mostra que a população em sua maioria quer que o governo esteja presente no crescimento do país. Qual a ideia genial para continuar apoiando o governo e a retirada de direitos? Desviar o assunto
Os deputados vão salvar Temer pela segunda vez no congresso? É só mandar uns malucos protestarem contra uma exposição em um museu que o povo esquece. O governo vai aumentar a idade para aposentadoria? É só fazer abaixo assinado contra uma palestra de uma filófosa. E por aí vai. Com essas polêmicas fabricadas, os políticos de Brasília não ganham atenção e podem fazer suas maldades a vontade.
O MBL não é comandado por pessoas burras. A fama que conseguiram durante os atos contra a Dilma, o dinheiro investido e o conhecimento em redes sociais deu a eles o poder de pautar o que será debatido no facebook, twitter e afins. Brincar com as paranóias de fanáticos religiosos é só um meio para se alcançar um fim. Esse fim agora é deixar Temer livre para aplicar agora a reforma da previdência.
Parte da militância da esquerda está caindo na armadilha. Estamos deixando de compartilhar os posts do dia de mobilizações que terá amanhã. Estamos deixando de denunciar a reforma da previdência. Tudo isto para entrar no jogo de polêmicas fabricadas. Claro que temos que responder aos ataques que eles promovem contra a liberdade de expressão. Mas, junto a isso, temos que denunciar o que realmente está por trás desses ataques. O objetivo do MBL nunca foi combater a corrupção nem defender a família brasileira. Ele foi criado para ajudar na retirada de direitos. É nosso dever desmarcara-los.
* “Esse artigo representa as posições do autor e não necessariamente a opinião do Portal Esquerda Online. Somos uma publicação aberta ao debate e polêmicas da esquerda socialista”.
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