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Em defesa da história

Por: Gabriel Santos, de Maceió, AL

Estamos a comemorar aqueles dez dias que abalaram um século inteiro. Lá se foram 100 anos. No mundo todo, se comemora o centenário da Revolução Russa, os bolcheviques se atreveram. O povo pobre, trabalhador e camponês da atrasada Rússia tomava o poder. Eventos, palestras, seminários, exibições de filmes, novos livros e artigos, tudo para recordar Outubro de 1917.

Foi na terra dos czares, um país agrícola, com maioria camponesa e analfabeta, mas ao mesmo tempo com uma das maiores concentrações industriais do mundo, que em baixo de finas camadas de neve que cobriam as ruas da antiga Petrogrado, mulheres e homens que não tinham nada a perder fizeram uma revolução contra o capital.

Aqueles que reivindicam a tradição e o legado político-teórico daqueles homens que, liderados por Lênin e Trotsky, tomaram o Palácio de Inverno e derrubaram o Governo Provisório, hoje festejam. Festejam porque, ao longo da história, nossa classe está mais acostumada ao revés, às derrotas. Quando vencemos é algo magnífico. Por isso, nossos adversários querem apagar nossa história, modificá-la, reduzí-la, fazer com que a esqueçamos.

No geral, as praças, as avenidas, ruas, e um longo etc, têm os nomes dos nossos algozes. Dos bandeirantes, donos de escravos, antigos barões, generais do exército, e por aí vai. Marx apontou que a ideologia de uma época é a ideologia da classe dominante. A história oficial de uma época será contada assim pela classe dominante, fazendo de tudo para modificar os fatos históricos, para apagar a verdade. Assim o fazem com a Revolução Russa. Só vermos a reportagem do Fantástico e outros jornais da grande burguesia. Assim como basta dá uma olhada nos especiais da Folha de São Paulo e Estadão. Transformam uma Revolução Popular em um golpe de estado feito por um partido que buscava apenas o poder. Transformam a liderança de Lênin numa ditadura como a dos czares, e fazem de Stalin uma continuidade de Lênin. Retiram as massas de operários e de camponeses do processo revolucionário, os transformam em meros espectadores que são manobrados por líderes bolcheviques.

No momento em que novos estudiosos liberais, ou a mídia utilizam termos como “os bolcheviques deram um golpe de Estado”, é no sentido de depreciar o que foi a Revolução. Afinal, o conceito de Golpe de Estado é um conceito negativo, antidemocrático, que normalmente não sentimos admiração. A burguesia está fazendo uma disputa das narrativas dos fatos e do próprio fato, uma disputa de linguagem dos termos, e uma disputa histórica.

Querem modificar a história, falsificá-la e apagá-la porque os ricos e poderosos temem que o povo pobre e trabalhador conheçam que é possível sim se organizar e construir um mundo novo. Os barulhos dos canhões do cruzador Aurora, dos membros do comitê militar revolucionário correndo pelos corredores do palácio de inverno, tudo isso assombra os sonhos da burguesia mundial.

Nos dias atuais, os ricos e poderosos continuam a tentar falsificar as lutas da classe trabalhadora. Exemplos atuais são muitos. Nos Estados Unidos, o governo Trump, a grande mídia e diversos intelectuais liberais igualam os atos de neonazistas aos de movimentos mais radicais, como o Vidas Negras Importam, com os dizeres de que existem extremismo de ambas as partes e nenhum deles é bom. Na Alemanha, após as manifestações gigantescas contra o G20 em Hamburgo, o governo tenta censurar os grupos de esquerda mais radicais, dizendo que são antidemocráticos e que pregam o ódio. No Brasil a cruzada da vez é contra a Federação Anarquista Gaúcha. A organização vem sendo criminalizada e acusada de ações terroristas pela Polícia Civil.

Com a crise econômica e política se aprofundando, a burguesia teme a possibilidade das ideias se radicalizarem, teme a possibilidade dela começar a ser questionada e confrontada diretamente, teme a possibilidade das massas perderem o medo.

Por fim, defender a Revolução Russa não é só defender o legado teórico-político dos bolcheviques, é preciso defender também o que foi Outubro, quem foram os bolcheviques e os fatos históricos daquele processo. Defender a história é manter vivo o nosso legado enquanto seres universais e buscar aprender os erros e acertos dos nos que antecederam.

Nós não começamos a partir do zero. Os trabalhadores aprendem com os processos de luta que passam, com os processos que herdam da história da luta de classes. Assim, aprendemos com os erros dos bolcheviques, aprendemos as particularidades e universalidade de Outubro, para assim construímos hoje no nosso país o caminho para uma nova revolução.