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CULTURA

Rogério Lins: um espectro conservador que paira sobre a cidade de Osasco

Por: Marcola, de Osasco, SP

A crescente censura que vem tomando força em todo o país, vide o caso do Queer Museu, em Porto Alegre, do Museu de Arte Moderna, em São Paulo, e da proibição da apresentação de artistas, entre eles Caetano Veloso, em São Bernardo do Campo, na ocupação Povo Sem Medo, de mais de oito mil famílias do MTST, marca também sua presença em Osasco. Com um discurso conservador, o prefeito Rogério Lins (Podemos), com apoio dos vereadores, proibiu a apresentação de peças de teatro de rua da Mostra Cena Vermelha de Teatro de Rua.

Ao censurar a mostra, o prefeito de Osasco alinha-se ao discurso mais reacionário e retrógrado que os bastiões da velha direita brasileira, alicerçados por novos movimentos liberais, estão conseguindo fortalecer em todo o país. Como se não bastasse calar a arte e artistas, o atual prefeito de Osasco cometeu uma outra ação de arbitrariedade: demitiu três servidores da Secretaria de Habitação do município por protestarem contra a entrega de título de cidadão osasquense ao “prefake” João Dória.

A direita abre descaradamente as asas e a censura caminha a passos largos em Osasco
No início do mês de outubro, o vereador Daniel Matias (PRP) criticou um panfleto do setorial de artes e grafite, publicado no Facebook da Secretaria de Cultura de Osasco, em que aparecem Batman e Superman se beijando. O vereador, com apoio da maioria dos vereadores da casa, fez um discurso lgbttfóbico e em defesa da família, dizendo que “a publicação é coisa de esquerdopata”.

No dia 9 de outubro, a Câmara Municipal de Osasco entregou ao “prefake” João Dória o título de cidadão osasquense às escondidas, devido ao protesto de trabalhadoras e trabalhadores que ocuparam a plenária e o salão externo da Câmara Municipal. Além disso, os manifestantes que lá estavam foram constantemente ameaçados pelo assessor do vereador Lindoso (PSDB-SP), com anuência da guarda municipal, havendo, inclusive, uso de spray de pimenta.

No dia 14 de outubro, a peça Blitz – o Império Nunca Dorme (Trupe Olho da Rua), que fazia parte da mostra “Cena Vermelha de Teatro de Rua”, se apresentou e, novamente, a Câmara Municipal, com apoio de setores evangélicos, expôs o tom reacionário, por meio de uma moção de repúdio encabeçada pelo vereador Ribamar Silva(PRP), pelas críticas que a peça faz a Polícia Militar. O vereador em questão usou de argumento racista e machista, afirmando que a peça “denigre a imagem da Polícia Militar”, uma vez que, além de outras coisas, mostra policiais vestidos de mulheres. Desde então, as outras apresentações da mostra foram proibidas.

Na semana do dia 23, o prefeito conservador de Osasco demitiu três servidores, sob a alegação de que esses desrespeitaram o prefeito da Capital e que, mesmo fora do horário de trabalho, os servidores não podem participar de uma manifestação dessa natureza. Em outras palavras, Rogério Lins demitiu os servidores por se manifestarem. Um absurdo.

Em suma, em apenas um mês houve uma crescente no discurso e ações conservadoras na cidade, ao passo daquilo que vem ocorrendo nacionalmente. A demissão dos três servidores e a proibição das apresentações da mostra expõem o conluio e a unidade do prefeito e da Câmara, mostrando nitidamente um discurso sustentado na intolerância religiosa, na lgbttfobia e na perseguição da arte e artistas.

A resposta vem das ruas: “É Proibido proibir”
Diante dessas atitudes, o conjunto de artistas da cidade vem encabeçando atos contra a censura em Osasco. Trabalhadoras, trabalhadores, movimentos sociais e partidos de esquerda também estão somados à luta e compondo os atos. Já houve dois atos, o último no Calçadão de Osasco, no último sábado, diante da proibição da apresentação da peça “O Vendedor de Verdade” (Cia Canina).

Mas, a nossa voz tem de ter um alcance maior. É preciso expandir a discussão com o conjunto dos trabalhadores, estudantes, coletivos de mulheres, negras e negros, lgbtts e sindicatos, pois a direita e a censura se derrota nas ruas. Diante dessa grave situação, é necessária uma frente de ação com todas e todos contra a direita. É mais do que necessária a sensibilização sobre a seriedade do que está acontecendo em nossa cidade, que é reflexo do que ocorre nacionalmente.

A arte não pode ser amordaçada, ela tem de ser livre. Nenhum trabalhador ou trabalhadora pode ser demitido por se manifestar politicamente. É preciso estar ombro a ombro com os artistas e demais ativistas contra a censura e em defesa dos servidores contra as demissões. Basta de Rogério Lins e seus vereadores conservadores, eles têm que tirar as mãos da arte e da Cultura. Osasco sem Censura, pelo direito à liberdade de expressão e manifestação.