Por Carlos da Silva
A escória mostra seu rosto mais uma vez. Esta segunda feira foram publicadas no facebook fotos de uma série de cartazes neo-nazistas colados em diferentes pontos de Blumenau. Neles continham mensagem de ódio racial e ameaça de morte aos negros, judeus e comunistas. Este fato não é isolado. Nos últimos meses houve uma intensificação intolerável da propaganda nazi-fascista na cidade catarinense, e uma recente matéria do jornal DC aponta que Bolsonaro é o candidato favorito em Santa Catarina. Desta vez, porém, os cartazes vieram assinados: trata-se do grupo “Misanthropic Division” (Divisão Misantrópica). A palavra “misantropo” denota aquele que odeia as pessoas e a humanidade em geral. Nada mais apropriado para descrever tal grupo.
A Divisão Misantrópica é um grupo neo-nazista que surgiu durante a guerra-civil da Ucrânia, iniciada em 2014 e que vive hoje sob falso armistício. Esta guerra começou em fevereiro daquele ano com a deflagração de um golpe de estado nacionalista ucraniano e anti-russo contra o presidente eleito Viktor Yanukovich. A partir de então, este golpe vem sendo combatido por grupos anti-fascistas e russos do leste da Ucrânia. Para os reprimir, surgiram diversos agrupamentos paramilitares nazistas que foram para as trincheiras do leste, entre eles a Divisão Misantrópica. Desde então, a “Divisão” começou a se expandir para outros países do mundo afim de formar células paramilitares neo-nazistas e aliciar soldados para lutar pelos nacionalistas na Ucrânia. E isto inclui o Brasil. Segundo a antropóloga da Unicamp Andriana Dias, existem hoje no nosso país cerca de 150 mil militantes ou simpatizantes de agrupamentos neo-nazistas, tornando-se assim um forte alvo para o grupo de origem ucraniana. Em dezembro de 2016, foi deflagrada a Operação Azov pela polícia do Rio Grande do Sul para investigar a atuação da Divisão Misantrópica no estado gaúcho. Na ocasião, foram feitas buscas e aprensões em 7 cidades (Porto Alegre, Caxias, Viamão, Canoas, Erexim, São Nicolau, Cruz Alta). O delegado responsável pela operação, Paulo Ceśar Jardim, afirmou que foram encontrados ao todo 47 estojos de 9mm e diversos livros e panfletos de propaganda neo-nazista. Ou seja, não apenas a Divisão estava atuante, mas também armada. Agora o grupo mostra sua face em Blumenau, chegando até mesmo a colar cartazes no prédio da prefeitura da cidade. Isto não pode ficar assim. É imprescindível que os membros deste grupo sejam descobertos e responsabilizados pelos seus atos. Toda a cidade, em especial as mulheres, negros, LGBTS e ativistas de partidos de esquerda e movimentos sociais, estejam atentos à todas as movimentações. Racismo e nazismo é crime. Nenhum direito à propaganda nazista! Referências.
1. https://ndonline.com.br/florianopolis/coluna/paulo-alceu/existe-um-motivo-para-justificar-a-onda-bolsonaro-lider-em-sc-na-corrida-a-presidencia
2. https://www.ft.com/content/f9ee01ca-ce49-11e6-864f-20dcb35cede2?mhq5j=e6
3. http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/12/operacao-combate-recrutamento-de-neonazistas-do-rs-para-ucrania.html
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