Redação
Nesta quarta, 25 de outubro, às 19h, na livraria Blooks (Praia de Botafogo 316, galeria dos cinemas), será lançada a coletânea “100 anos depois: a Revolução Russa de 1917”, organizada por Felipe Demier e Marcio Lauria Monteiro. Além de textos dos organizadores, a obra contém artigos de Demian Melo, Kevin Murphy, Guilherme Leite, Marcelo Badaró, Marcelo Dias Carcanholo, Henrique Canary, Raquel Varela e Valerio Arcary. Será uma ótima oportunidade para os militantes socialistas brindarem o aniversário centenário da primeira revolução vitoriosa feita pelos trabalhadores na história. Publicamos, abaixo, os textos de José Paulo Netto e Virgínia Fontes feitos, respectivamente, para a “quarta capa” e “orelha” da coletânea.
Quarta capa
Os dez ensaios – criativos, instigantes e polêmicos – reunidos neste livro não constituem um volume de ocasião, celebratório do centenário da mais relevante revolução do século XX. Cem anos depois: a Revolução Russa de 1917 não é uma tradicional coletânea em que doutos professores, encastelados na academia, louvam ou demonizam um evento extraordinário.
Este livro não serve à louvação fácil nem à demonização interessada. É um notável esforço de compreensão: aqui, toma-se a revolução bolchevique como objeto de análise teórico-crítica. Daí a sua riqueza temática: desconstrói-se a satanização que a historiografia oficial promoveu sobre ela, desvela-se a sua efetiva contextualidade, enfrentam-se questões candentes (da consciência de classe, da economia política, do direito, da cultura) e não se elude o problema da sua degeneração.
Neste livro, vê-se no Outubro de 1917 o laboratório emancipador que deve ser explorado crítica e prospectivamente – o rigor dos autores procura a verdade do passado para esclarecer e transformar o presente, com vistas ao futuro.
José Paulo Netto
Orelha
Os organizadores deste livro lembram que em 1917 não se podia ainda gozar de direitos sociais, enquanto em 2017 não se pode mais. A luta contra a ordem do capital se torna a condição da existência humana.
Expropriações e desmantelamentos de conquistas fundamentais dos trabalhadores exibem a fúria cega do capital em sua fuga para a frente na busca de maiores taxas de lucratividade. A humanidade está sitiada, e está pervertida a nossa relação necessária com a natureza. As burguesias dominantes pretendem apagar o futuro humano, enquanto destroem os direitos assegurados no passado e aviltam a vida no presente.
O crescimento das classes trabalhadoras no mundo se defronta com o acirramento da repressão contra as massas populares, a fragilização da representação burguesa, guerras em inúmeros pontos do planeta, o ataque deliberado a populações civis, o estreitamento dos direitos mais fundamentais, tudo isso acompanhado pela falsificação do próprio conhecimento que, saindo da moda dos pós-modernos, adentra no descaramento da pós-verdade.
A Revolução Russa foi um preâmbulo, uma magnífica sinfonia dialógica de direitos, explosão de arte, cultura, de reivindicações e conquistas. Seu impacto modificou o mundo. O preâmbulo acabou, derrotado desde dentro por severos equívocos e por intensa pressão externa. Mas a memória da ousadia humana da Revolução segue viva.
O preâmbulo revolucionário de 1917 teve continuadores, outras revoluções ocorreram, outros tantos desafios, com acertos e equívocos. Ele segue sinalizando imensas possibilidades de futuro. Aprendemos com nossos erros, o que o capital e as burguesias jamais poderão fazer. E, sobretudo, conservamos nossos acertos, e a Revolução Russa segue sendo nosso preâmbulo.
Na devastação levada a cabo pelo capital e pelo capitalismo no mundo atual, as lutas dos trabalhadores – diversos, múltiplos, coloridos, com sexo e gênero, linguagens e culturas diferentes – retomarão o caminho da Revolução. Dessa vez, para ir ainda além.
Virgínia Fontes
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