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Catalunha: qual deve ser a posição da Esquerda?

Gabriel Casoni, da secretaria política do MAIS

A crise deflagrada pelo Referendo de 01 de outubro agrava-se a cada instante. Ante a rebelião do povo catalão, que luta heroicamente pelo direito à independência, ergue-se a reação do regime monárquico. O Estado Espanhol e a Catalunha estão convulsionados.

O presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, afirmou ontem à BBC britânica que a declaração de independência será feita “em questão de dias”. Já a presidente do Parlamento anunciou que a República Catalã será proclamada na próxima segunda, dia 09, às 10H.

Na terça (03), a Catalunha foi tomada por uma poderosa greve geral. As fábricas e os serviços não funcionaram. Mais de 700 mil pessoas foram às ruas em Barcelona, numa demonstração de enorme força e representatividade popular.

Do outro lado, em Madrid, o governo de Mariano Rajoy estuda os próximos passos da repressão. O objetivo da classe dominante espanhola é um só: esmagar a rebelião catalã.

Perante esse quadro dramático, partidos da esquerda espanhola se pronunciaram. Podemos e Izquierda Unida, por meio de uma declaração de Pablo Iglesias nesta quarta (4), defenderam uma negociação, sem condições prévias, entre o governo da Catalunha e o Estado espanhol para se chegar a um acordo de mediação. Ainda que condenem a repressão, não legitimam o referendo de domingo; em realidade, o acusam de quebrar a “legalidade”.

Trata-se de um gravíssimo erro, que joga contra o direito à autodeterminação do povo catalão. E isso num momento de grave crise do regime monárquico baseado na Constituição de 1978. Regime que prepara a ocupação militar da Catalunha, se se concretiza a proclamação da república.

A burguesia espanhola se unifica em torno do discurso do Rei Felipe VI, que fez ameaças expressas ontem em cadeia nacional de televisão. O monarca, da família Bourbon, afirmou que “ante esta situação de extrema gravidade, que requer o firme compromisso de todos com os interesses gerais, é responsabilidade dos legítimos poderes do Estado assegurar a ordem…”. Para bom entendedor, meia palavra basta.

Nessa hora crítica, uma posição de esquerda que não passe, em primeiro lugar, pelo apoio ao direito do povo catalão decidir soberanamente sobre seu destino, significa, de uma ou outra forma, ceder ao regime monárquico e opressor do Estado Espanhol.

Posição correta vem da esquerda anticapitalista e socialista da Catalunha e Madrid, que encontra respaldo em alguns deputados do Podemos.

Viva a República livre da Catalunha! Abaixo a monarquia espanhola!

Toda solidariedade ao povo catalão!

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