Por: Gustavo Fagundes, de Niterói, RJ
Não é de hoje que os atletas e principais nomes do esporte nos EUA se manifestam no cenário político do país. E a vitória de Donald Trump na disputa presidencial somada ao conjunto de declarações racistas, machistas e contrárias a direitos das pessoas LGBTs, fez com que os esportistas se posicionassem com maior vigor no terreno político.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos declarou que os jogadores da NFL (liga profissional de futebol americano) que se recusavam a ficar de pé, ou cantar o hino nacional, deveriam ser expulsos de campo e demitidos.
Os protestos durante o hino nacional dos EUA nos jogos da liga tiveram início a pouco mais de um ano e foram na época protagonizados por Colin Kaepernick, quarterback do San Francisco 49ers naquele período. O atleta se manifestava contra os recorrentes casos de violência policial a jovens negros e toda injustiça racial existente no país. Afirmou “Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro. Para mim, isso é maior que o futebol, e seria egoísta da minha parte virar a cara para esse assunto”.
A recente declaração de Donald Trump gerou revolta nos atletas da liga e os protestos foram repetidos em diversos jogos. Jacksonvilles Jaguars e Baltimore Ravens se enfrentam neste domingo em Londres, jogadores e dirigentes cruzaram os braços e se ajoelharam na hora do hino nacional. Contraditoriamente, Shad Khan, dono da franquia dos Jaguars, responsável por doar cerca de um milhão de dólares à campanha de Trump no ano passado, também cruzou os braços.
Na partida entre Tenesesse Titans e Seattle Seahawks, as equipes decidiram entrar em campo somente após a execução do hino nacional.
Ocorreram protestos também dos jogadores do New Orleans Saints, Detroit Lions e o técnico do Pittsburgh Steelers informou que a equipe permanecerá no vestiário durante o hino. A Associação de jogadores da NFL (NFLPA) também se posicionou contra as declarações de Trump.
Vale lembrar que alguns donos de franquias e atletas da liga têm relações pessoais e de longa data com o presidente. Como é o caso de Robert Kraft, dono do New England Patriots, e Tom Brady, atleta da mesma equipe.
A última semana aumentou muito a tensão entre atletas, times e Donald Trump
Tradicionalmente, as equipes campeãs da NBA (liga profissional de basquete) e da NFL visitam a Casa Branca para uma cerimônia com o presidente em exercício. Ocorre que a presença de Trump no cargo trouxe mudanças nos planos do principal jogador do Golden State Warriors, atual campeão da NBA. Stephen Curry declarou: “Não quero ir. Eu não quero ir. É tipo o núcleo das minhas crenças. Não é só ir para a Casa Branca. Mesmo se fosse, esta seria uma conversa bastante curta. Nós não defendemos basicamente o que o nosso presidente defende, as coisas que ele disse e as coisas que ele não disse nos momentos certos. Que nós não aceitamos isso. Ao agir e não ir, espero que isso inspire alguma mudança ao que toleramos neste país, ao que é aceito e ao que fazemos vista grossa. Não é apenas o ato de não ir. Há coisas que você tem que fazer no final das contas para pressionar essa mensagem”. Trump rebateu ao dizer que o convite estava retirado.
LeBron James, um dos maiores jogadores de basquete da história, já havia feito declarações contra Trump ainda no período eleitoral e sempre deixou claro que não compactuava com as opiniões do republicano. Essa semana declarou no Twitter: “Stephen Curry já disse que não ia. Portanto, não há convite. Ir para a Casa Branca era uma grande honra antes de você aparecer por lá”. E após os incidentes em Charllotesville, afirmou que “o ódio sempre existiu na América. Sim, nós sabemos disso, mas Donald Trump acabou de torná-lo moda novamente”.
Outros grandes nomes do basquete também se posicionaram pelo Twitter. Draymond Green disse: “Ainda imaginando como esse cara governa nosso país’. Chris Paul escreveu: “Com tudo que está acontecendo no nosso país, por que você ainda está preocupado com quem vai visitar a Casa Branca?”
Comentários