Por Vinicius Zaparoli, de São Paulo, SP
No último final de semana, dia 26 de agosto, começou o ciclo de debates da plataforma Vamos!. A primeira atividade, que ocorreu em São Paulo, no Largo da Batata, reuniu mais de 500 pessoas.
A mesa do debate foi conduzida por Dríade Aguiar, da Mídia Ninja, e Leonardo Sakamoto. Para abrir a discussão, estavam presentes Guilherme Boulos, coordenador do MTST, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) e Sônia Guajajara, liderança indígena.
Já na abertura, Guilherme Boulos declarou: “Nossa alternativa não pode ser sectária, o nosso debate não pode ter esse tom. Mas, ao mesmo tempo, precisa ser um debate com espírito crítico, sem tabus e que não caia na armadilha de que toda crítica é vista como divisão. A crítica é necessária e nós temos que semeá-la no nosso espaço, o balanço, a avaliação para pensar projeto. Esse equilíbrio é que, em nossa opinião, deve dar o tom para o Vamos!, para aquilo que nós queremos construir”.
Nós concordamos totalmente com o dirigente do MTST. O processo de discussão coletiva que acabamos de iniciar será vitorioso se conseguir abrir caminho para a construção de uma nova alternativa política que saiba, por um lado, dialogar com os anseios do povo brasileiro e, por outro, superar os erros do passado.
Em nossa opinião, essa tarefa passa, inevitavelmente, pela negação do projeto de conciliação de classes que o PT adotou nos governos de Lula e Dilma. O PT, ao escolher governar com os grandes empresários, banqueiros e partidos da velha direita, não foi capaz de implementar nenhuma reforma estrutural em nosso país.
Esse projeto terminou em tragédia. Os acordos em nome da governabilidade, a corrupção e a aplicação do ajuste fiscal desgastaram o PT e a popularidade da presidenta Dilma, situação que aumentou o poder e a força social da direita tradicional. Ao final, os antigos aliados do PT abandonaram o governo e apoiaram o golpe parlamentar de 2016.
Portanto, é fundamental termos o espírito crítico do qual falou Guilherme Boulos em sua intervenção na abertura do ciclo de debates da plataforma Vamos!. Infelizmente, o PT vem demonstrando que não o tem, que não aprendeu nada com seus equívocos e com o golpe institucional.
Nas últimas semanas, durante a caravana de Lula pelo Nordeste, o ex-presidente buscou recuperar antigas alianças com as oligarquias da região, de olho nas eleições presidenciais de 2018. Não foi por acaso que desfilou ao lado de Renan Calheiros e elogiou José Sarney. Além disso, Lula já deu o seu apoio à candidatura de Kátia Abreu ao governo de Tocantins.
Por isso, pensamos que a construção de uma nova alternativa política de esquerda deve ser resultado da superação do projeto de conciliação de classes do PT. Uma tarefa difícil, mas não impossível, pois a abertura do ciclo de debates da plataforma Vamos! apontou essa possibilidade para o próximo período.
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