Por: Antônio Bunehira, de Campinas, SP
No dia 17 de agosto, a Prefeitura Municipal de Campinas (PMC) notificou o Cândido Ferreira, instituição que cuida de grande parte dos serviços de Saúde Mental de Campinas, que ocorrerá um corte de R$ 600 mil por mês. Em resposta a este ofício, a gestão do Cândido Ferreira anunciou não ser possível manter a qualidade do serviço e já prevê sérios cortes com demissões, redução da jornada dos farmacêuticos, cortes de insumos essenciais como alimentação, entre outras coisas.
No mesmo dia, o Jornal “Já” publicou que o prefeito Jonas Donizette anunciou uma verba extra de R$ 20 milhões recebido pelo governo do Estado de São Paulo para Secretaria de Saúde. Nesta matéria está anunciado que uma das instituições contempladas por essa verba seria o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, cujo contrato de prestação de serviços em saúde mental se dá via o financiamento do SUS. Observa-se que esta Informação é totalmente o oposto do que noticia a Secretaria de Saúde, a realidade é a de que haverá um corte de R$ 600 mil por mês. Quem prestará esclarecimentos sobre isso? Para onde vai esse dinheiro? A população já sofre cotidianamente com os cortes e a falta de investimento do governo Jonas na saúde. Tivemos o fechamento do PA Centro, cortes no orçamento da Maternidade e do Hospital da PUC, entre outros exemplos que qualquer usuário doSUS poderia enumerar.
Este município já vive a diminuição dos recursos em Saúde Mental. Recentemente, foram fechados leitos de internação à população em grave sofrimento psíquico para serem abertos em hospitais gerais, mas o número de vagas abertas é bem abaixo das vagas fechadas. Outro exemplo prático diz sobre a mudança no cuidado integral oferecido à população que frequenta os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Se antes era possível oferecer alimentação gratuita a estas pessoas, hoje estes serviços podem oferecer no máximo 20 marmitas por período, quando a portaria indica para Caps III fluxo diário de 60 usuários por dia. Os cortes anunciados pela Prefeitura e o claro sucateamento dos serviços de saúde mental que estão sob gestão do Cândido Ferreira trazem um cenário caótico para a assistência em Saúde Mental de todo o município.
Indignados, os trabalhadores do Cândido Ferreira decidem fazer um apelo aos órgãos pela fiscalização dos serviços de saúde de Campinas, o Conselho Municipal de Saúde, bem como a população que é usuária do SUS, buscando unir forças para impedir o corte e construir a saúde que merece. No trabalho de saúde mental há uma aposta no vínculo e no cuidado que pode ocorrer na utilização da arte como recurso terapêutico, no cotidiano de residências terapêuticas, no trabalho desenvolvido em abrigos municipais, escolas e afins, na atenção à crise, nas famílias, com a população em situação de rua.
Pedimos mais respeito às condições de trabalho das equipes contratadas para a atuação na saúde mental, inclusive pela complexidade. Estes profissionais assumiram um compromisso ético com cada paciente que está sob sua responsabilidade, e podem sim participar da tomada de decisões da instituição que os contratou.
Isto posto, convocamos a população, trabalhadores, usuários e familiares de nossos serviços para o ato público que acontecerá na quarta-feira (30/08), às 15h, no Largo do Pará.
Seguimos na caminhada com o apoio popular: por uma rede amplia da e nem um direito a menos!
Foto: Reprodução Facebook
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