Estudante vai a palestra de Bolsonaro: 'Esperava ódio, mas não sabia que seria tanto'

Da Redação

“A curiosidade me circunda”, afirma a estudante Carla Monteiro, natural de Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Apesar de não compactuar com as posições do deputado federal Jair Bolsonaro, conhecido por opiniões discriminatórias contra minorias, talvez motivada por essa característica, decidiu que iria a uma palestra paga organizada para ouvir o parlamentar, em Volta Redonda. A atividade aconteceu nesta semana. Após participar do evento, Carla escreveu um relato, em sua página na rede social Facebook, sobre o conteúdo proferido por Bolsonaro. “Eu esperava ódio, porém não sabia que seria tanto”, disse.

As pérolas do deputado federal percorrem diversos temas. Fala dos indígenas, homossexuais, mulheres, em acabar com a esquerda, mas também disse que “o que menos se precisa é falar sobre política” e chegou a se vangloriar por não entender de economia. Apesar de serem opiniões pessoais de Carla, e não necessariamente a linha editorial do Esquerda Online, achamos interessante divulgar o relato da estudante, para quem quiser saber o que está por trás do discurso de ódio do Bolsonaro.

Divulgamos a íntegra do relato, abaixo:

“Hoje, eu me desafiei. A curiosidade me circunda.

Lá estava eu, na palestra do deputado federal Jair Bolsonaro. É fácil ouvirmos palavras que são músicas aos nossos ouvidos, porém, e aquilo que dói, como vou reagir?

Durante o discurso do deputado, fiz algumas anotações, esperançosa de ouvir quais seriam seus planos para o Brasil, o que desapontada fiquei, pois em nenhum momento aconteceu.

Começarei pelas contradições no discurso de um indivíduo que não possui oratória e gagueja em cada três palavras:
1. “Defendemos a democracia, mas temos que acabar com a esquerda no Brasil”.
2. “A peste de ‘homofóbicos’ não podem parir”. (É, isso mesmo. Ele quis ofender os gays, os chamando de homofóbicos.)
3. “O que menos precisamos é de falar sobre política”. (OI???)

Pontos positivos em seu discurso, segundo MINHA concepção:
1. Ele critica o DISTRITÃO.
2. Critica o poder da mass media.
3. Valorização dos professores.
4. Proteção feminina com porte de armas. ( É CONTRADITÓRIO, PORÉM CONVeM ESTUDAR.)

Pontos negativos em seu discurso, segundo MINHA concepção:
1.Para o Bolsonaro, as tribos indígenas e os quilombolas não precisam de terra. (DOEU NA ALMA.) Segundo ele, indígena gosta de assistir TV, jogar bola e arrancar uns dentinhos no médico, ou seja, eles precisam ser civilizados, são tratados como animais, reclusos na Amazônia. (INDÍGENA PRA ELE SÓ EXISTE NA AMAZÔNIA.) Sendo assim, as tribos entregam suas terras e irão viver felizes para sempre na cidade. O deputado deu como exemplo a tribo Ianomâmi (ISSO ME DOEU MUITO, ASSASSINANDO TODA LUTA DOS IRMÃOS VILLAS-BÔAS PARA A CRIAÇÃO DO XINGU.)

2. Mexer no currículo escolar, pois ideologia de gênero é inadmissível. João é João e Maria é Maria. “Pau neles”, quem tentar falar o contrário.

3. “Graças a Deus não entendo de economia”. (OI? ENGASGUEI NESSA HORA.) Logo, você? O mito? E o país que tu queres governar?

4. Lei do feminicídio é coisa de gente mimizenta.

5. Cotas raciais é dividir negros de brancos. (AULA DE HISTÓRIA E HERANÇA CULTURAL, CADÊ?)

6. Os médicos cubanos estão aqui para implantar o comunismo. (EU RI, QUASE MORRI.)

7. Vagabundo tem que tomar uns 20 tiros de policial, no mínimo.

8. Piadas de cunho sexual. (SIM, E OS ELEITORES AMAM.)

9. No seu governo não haverá Ministério do Meio Ambiente. (ACREDITEM.)

10. Em nenhum momento, a platéia pôde fazer perguntas. E a educação, saúde e segurança pública? Então… Ele desconhece esses elementos sociais.

Para finalizar, eu fui à tal palestra democraticamente, em nenhum momento proferi palavras de ódio contra nenhuma pessoa ali encontrada, porém o mesmo não aconteceu comigo. Pessoas que me conheciam, entretanto eu não as conheço, dois grupos diferentes proferiram palavras de baixo calão em minha direção.

“VADIA. COMUNISTA. MORTADELA. VAI PRA CUBA. PIRANHA. VOCÊ É UM DESPERDÍCIO DE MULHER”.
Esses foram alguns dos insultos gratuitos de recebi, ,majoritariamente vindos de homens, simplesmente por querer ouvir o que um político tem a dizer, num espaço abertos a todos, em um sistema DEMOCRÁTICO.

Perplexidade em saber que a maioria dos ouvintes ali possuíam entre 18 a 25 anos de idade, não, eles não são crianças. É assustador não o Bolsonaro, pois ele é um personagem criado pela própria esquerda, mas sim a quantidade de pessoas que o veneram. Sim, VENERAÇÃO. Isso é perigoso. As pessoas não queriam saber o que ele tinha a dizer, só queriam gritar “MITO”.

Criado por aqueles que o idolatra e crucialmente por aqueles que o repugnam.

E àqueles que me xingaram, vocês são meus adversários e não meus inimigos. Eu esperava ódio, porém não sabia que seria tanto.

Vídeo da atividade, gravado pela estudante