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EDITORIAL

A privatização da Eletrobras e a mentira de Meirelles

Brasília – O presidente interino Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante reunião com líderes da Câmara e do Senado, no Palácio do Planalto. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Editorial de 22 de agosto

O governo anunciou, nesta segunda-feira (21), que pretende privatizar a Eletrobras. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a venda da estatal será realizada “a exemplo do que já foi feito com Embraer e Vale”. Hoje, o valor de mercado da empresa é de R$ 20 bilhões.

As subsidiárias da Eletrobras respondem por 32% da capacidade de geração de energia do país, e a empresa tem 70 mil quilômetros de linhas de transmissão, o que corresponde a 47% da malha nacional. A estatal participa, também, da usina de Itaipu e de 178 projetos de energia com outras empresas.

A privatização da Eletrobras representaria um duro golpe à soberania energética do Brasil. Com a geração e transmissão de energia nas mãos de multinacionais estrangeiras, o país perderia o controle de uma área estratégica para o desenvolvimento nacional.

A entrega ao capital privado traria, ainda, o aumento das tarifas de energia para a população, uma vez que a empresa passaria a ter como principal objetivo a obtenção de lucro. Sem os caros investimentos que requerem o setor energético, hoje sustentados pela estatal, o fantasma dos apagões, certamente, voltaria a rondar o país.

A farsa do “ajuste fiscal” de Meirelles
A proposta de privatização da Eletrobras é justificada pela suposta necessidade de dinheiro para cobrir o crescente déficit do governo. Trata-se de um argumento falacioso.

Após mais de dois anos de agressivos cortes de gastos sociais, reformas e inúmeras privatizações em nome do “ajuste fiscal”, o déficit das contas públicas, ao invés de cair, vem subindo a cada ano. Só para este ano, a previsão de rombo do governo subiu de R$ 139 para R$ 159 bilhões.

A política econômica capitaneada por Henrique Meirelles tem, na verdade, outros objetivos. Em primeiro lugar, garantir a remuneração bilionária aos detentores dos títulos da dívida pública. O dinheiro do “ajuste” vai parar no bolso dos agiotas da ilegítima dívida. Com uma das taxas de juros mais altas do mundo (taxa básica em 9,25% para uma inflação de 3%), o país é um verdadeiro paraíso para os banqueiros e especuladores.

Em segundo lugar, o plano econômico do governo Temer busca entregar o patrimônio público para grandes grupos empresariais via privatizações, bem como destruir direitos sociais e trabalhistas por meio das reformas da Previdência e Trabalhista.

Seis propostas para tirar o Brasil da crise
Hoje, os trabalhadores estão pagando a conta crise. Enquanto Temer e Meirelles garantem os lucros dos capitalistas, o povo brasileiro amarga perda de direitos, desemprego em massa e queda da renda e do consumo como poucas vezes se viu na nossa história.

É preciso uma outra política econômica, que inverta a lógica de tirar dos pobres para dar aos ricos. Para garantir salário, emprego e direitos dignos aos trabalhadores e ao povo brasileiros, é necessário enfrentar os poderosos e seus privilégios.

Nesse sentido, o Esquerda Online compartilha das seis propostas do #MAIS para tirar o país da crise:

1 – Nem um direito a menos. Taxar o lucro dos grandes empresários e as grandes fortunas, para investir em saúde e educação.
2 – Reforma Urbana e Reforma Agrária. Moradia para todos e terra para quem nela trabalha.
3 – Para gerar empregos, reduzir a jornada de trabalho, sem redução do salário.
4 – Por um plano de obras públicas com a construção de hospitais, escolas, creches e moradias populares.
5 – Reestatizar as empresas privatizadas! Petrobras e Pré-Sal 100% estatais!
6 – Redução imediata da taxa de juros. Parar de dar dinheiro aos banqueiros: auditoria imediata e suspensão do pagamento da dívida pública.

Crédito da foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil