Paulo Giovani, Professor do Município de Crateús (Ce), Assessor do Mandato É Tempo de Resistência – Renato Roseno (Psol)
Na madrugada do dia 20 de julho, 60 famílias sem teto do município cearense de Crateús, organizadas pela Frente Social Cristã e pelo Núcleo Popular, ocuparam uma área pública no bairro Fátima II, localizada na periferia da cidade. O movimento exige moradia de qualidade. No local, foi levantado o acampamento Carlos Leite.
Às vésperas de completar uma semana de ocupação, na madrugada de terça para quarta, 26 de julho, um grupo formado por cerca de 25 homens armados atirou em direção ao acampamento e atearam fogo nas barracas. Destruindo as barracas, utensílios, celulares das famílias acampadas. A cozinha improvisada foi colocada abaixo. No momento da ação, os capangas dispararam tiros. Foram quarenta minutos de pânico. Adultos e crianças esconderam-se nas matas. Cerca de 20 ficaram feridas, inclusive gestantes. Felizmente, ninguém se feriu com gravidade.
Militantes de movimentos por moradia estão assustados. Relatam que esta foi a primeira vez em mais de 50 anos que um acampamento urbano, localizado na cidade de Crateús, sofre um ataque com métodos terroristas.
Para além disso, um outro fato chama atenção. Embora a ocupação aconteça numa área que está sob a responsabilidade do poder público municipal, foi o setor privado, que organizou a ação. Assis Oliveira, corretor do empreendimento imobiliário Morada dos Ventos II, da empresa Mãe Rainha Urbanismo, que faz fronteira com o acampamento, coordenou ação.
Apesar da clara tentativa de desmobilizar o movimento por meio do terror, o acampamento realizou uma assembleia no fim da tarde quarta, com apoio da igreja católica e vários movimentos sociais da região. Deliberou por ações jurídicas e pela reconstrução do acampamento. A luta por terra urbana e pelo direito à cidade seguirá.
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