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MOVIMENTO

Docentes da Uerj decretam greve a partir de 1º de agosto

Por: Niara Aureliano*, do Rio de Janeiro, RJ

“Dadas as condições em que a universidade se encontra e com os salários de abril, maio e junho atrasados, além do 13º salário, concordamos que não temos nenhuma condição de iniciar o semestre de 2017 na Uerj”, analisou a docente e presidente da associação dos docentes (Asduerj), Lia Rocha. Na última quinta-feira (6) em assembleia os docentes decretaram greve na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) a partir do primeiro dia de agosto.

No dia 1º, os docentes realizarão nova assembleia para avaliar se a greve será iniciada. Eles exigem o pagamento dos salários atrasados já que, até a data da assembleia de 6 de julho, estavam ainda recebendo de forma parcelada o pagamento do mês de março. “A capacidade de fazer esse sacrifício pessoal [de dar aulas sem receber] já se esgotou, então os professores da Uerj deram uma mensagem clara ao Pezão de que caso a gente não receba nossos salários até dia 1º de agosto, as aulas não começam na Uerj”, ressaltou Lia.

Diante da crise da Uerj, os docentes vão além e classificam a crise na Uerj como “morte por asfixia” do direito à educação pública e gratuita. Para Felipe Demier, docente e diretor da Asduerj, uma ‘nova era’ deve se instaurar na educação pública, onde esta deve deixar de ser referência em ensino, pesquisa e extensão, já que o sucateamento aumenta os problemas das universidades, levando o ensino superior privado a ser a referência social de educação de qualidade – e levar ainda ao aumento das mensalidades na educação privada. “O setor privado pode passar a atrair os setores médios, levando a um aumento das mensalidades neste setor, que atualmente é direcionado a um público mais plebeu, mais trabalhador, portanto não podem cobrar mensalidades, embora sejam caras, não caras como representa o desejo dos proprietários do capital da educação privada”.

Balão de ensaio
Os docentes universitários avaliam também que o descaso com a Uerj é um “laboratório” dos governos para instaurar uma política de concordância entre os governos federais e estaduais de ininterruptos benefícios para os grandes empresários, “na qual salários em dia, direitos sociais, e, claro, educação, pesquisa e extensão para os trabalhadores são coisas que devem ficar largadas no museu da história”, argumenta Demier. Logo, caberá sempre aos trabalhadores “apertarem os cintos” diante uma crise econômica, como a que passa o estado do Rio. Para o docente, a escolha é política: Felipe chama atenção para a manutenção das bilionárias isenções fiscais concedidas aos grandes empresários, enquanto os servidores continuam com atrasos nos salários e benefícios cortados.

A greve será acompanhada da greve dos técnicos administrativos da unidade, que se encontram em paralisação desde 16 de janeiro deste ano.

Contra o “projeto de destruição da universidade”, a professora acredita que salvar a Uerj deve ser uma tarefa de toda sociedade frente à política econômica do PMDB. “A defesa da Uerj hoje, não só como patrimônio da população fluminense, mas também pelo que ela representa como uma universidade popular, pra classe trabalhadora, essa luta deve ser de todos nós, não só dos que trabalham e estudam na Uerj, mas da sociedade e daqueles que acreditam que nós podemos viver num mundo mais igualitário”, completou Lia.

*Publicado originalmente em NOS

Foto: Lia Rocha e Felipe Demier, da Asduerj

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greve / UERJ