Porto em Macaé é bloqueado em protesto contra demissão de 1200 trabalhadores da UTC
Publicado em: 12 de julho de 2017
Coluna Rádio Peão
Da Redação, de Macaé, RJ
Na noite de 11 de julho, enquanto se votava a Reforma Trabalhista, cerca de 50 operários da UTC Engenharia, em Macaé, faziam vigília para bloquear a entrada do Porto de Imbetiba, principal porto da região para escoar equipamentos e racho para as plataformas da Petrobras e estrangeiras na Bacia de Campos. No último dia 07 de julho, cerca de 1200 trabalhadores da UTC Engenharia receberam uma carta em sua residência para informar sua demissão a partir do dia 10 de julho, o que gerou, na manhã da segunda-feira, o bloqueio da portaria da base da UTC e, em seguida, do porto de Imbetiba.
O próximo passo da empresa será demitir outros 2800 empregados e fechar sua base na cidade. A empresa tenta acordo de leniência com a Petrobras para voltar a ter contratos com a estatal e para garantir o pagamento de sua folha salarial em torno de R$ 19 milhões, além de alegar não ter mais saldo financeiro.
Diante disso, os operários que realizam serviço terceirizado nas plataformas da Bacia de Campos foram à ação, pois além da demissão, os salários estão atrasados há 45 dias. Outro agravante é que a empresa está há seis meses sem depositar o FGTS na conta dos seus trabalhadores. A insatisfação dos operários é um acúmulo de derrotas e perdas de direitos que se arrastam ao longo dos últimos anos. Demissões em massa, salários rebaixados, péssimas condições de trabalho e insegurança nas plataformas.
A maior preocupação de todos é que nenhum direito trabalhista seja pago, como o FGTS e a quita, praticado por outras empresas, como a MPE, PCP,PERSONAL, IESA, ODEBRECHT, entre outras. Todas realizaram o mesmo procedimento da UTC e até hoje não pagaram a dívida com os trabalhadores. Vale destacar o envolvimento delas no esquema de propinas de licitação da Petrobras, revelado pela Lava Jato. Esquema que enriqueceu seus donos e deixou à margem seus trabalhadores. A mobilização deve continuar durante essa semana, até que a empresa pague os salários atrasados e deposite na conta dos demitidos o FGTS e libere para saque.
Macaé é a capital nacional do petróleo e do desemprego. Nas ruas da cidade as placas de aluga-se e vende-se estão por todos os lados, empresas e lojas fechadas e o desemprego no comércio e na indústria é comum. A mão de obra que residia, ou migrava para a cidade foi embora. Restou a Macaé os problemas sociais gerados pela crise econômica. Por consequência, as ocupações de terra urbana cresceram e os moradores de rua também, assim como a criminalidade, realidade de quem paga a conta da crise.
A cidade de Macaé é o exemplo real do que virá a ser a Reforma Trabalhista votada nesta terça-feira (11) e a nova lei da terceirização já aprovada. Com vínculos empregatícios frouxos, a condição dos trabalhadores terceirizados será de acordos coletivos prejudiciais, onde irá prevalecer a soberania das empresas em prejudicar e ignorar o que foram nossos direitos trabalhistas.
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
colunistas
O assassinato de Charlie Kirk foi um crime político
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo