Coluna Rádio Peão
Da Redação, de Macaé, RJ
Na noite de 11 de julho, enquanto se votava a Reforma Trabalhista, cerca de 50 operários da UTC Engenharia, em Macaé, faziam vigília para bloquear a entrada do Porto de Imbetiba, principal porto da região para escoar equipamentos e racho para as plataformas da Petrobras e estrangeiras na Bacia de Campos. No último dia 07 de julho, cerca de 1200 trabalhadores da UTC Engenharia receberam uma carta em sua residência para informar sua demissão a partir do dia 10 de julho, o que gerou, na manhã da segunda-feira, o bloqueio da portaria da base da UTC e, em seguida, do porto de Imbetiba.
O próximo passo da empresa será demitir outros 2800 empregados e fechar sua base na cidade. A empresa tenta acordo de leniência com a Petrobras para voltar a ter contratos com a estatal e para garantir o pagamento de sua folha salarial em torno de R$ 19 milhões, além de alegar não ter mais saldo financeiro.
Diante disso, os operários que realizam serviço terceirizado nas plataformas da Bacia de Campos foram à ação, pois além da demissão, os salários estão atrasados há 45 dias. Outro agravante é que a empresa está há seis meses sem depositar o FGTS na conta dos seus trabalhadores. A insatisfação dos operários é um acúmulo de derrotas e perdas de direitos que se arrastam ao longo dos últimos anos. Demissões em massa, salários rebaixados, péssimas condições de trabalho e insegurança nas plataformas.
A maior preocupação de todos é que nenhum direito trabalhista seja pago, como o FGTS e a quita, praticado por outras empresas, como a MPE, PCP,PERSONAL, IESA, ODEBRECHT, entre outras. Todas realizaram o mesmo procedimento da UTC e até hoje não pagaram a dívida com os trabalhadores. Vale destacar o envolvimento delas no esquema de propinas de licitação da Petrobras, revelado pela Lava Jato. Esquema que enriqueceu seus donos e deixou à margem seus trabalhadores. A mobilização deve continuar durante essa semana, até que a empresa pague os salários atrasados e deposite na conta dos demitidos o FGTS e libere para saque.
Macaé é a capital nacional do petróleo e do desemprego. Nas ruas da cidade as placas de aluga-se e vende-se estão por todos os lados, empresas e lojas fechadas e o desemprego no comércio e na indústria é comum. A mão de obra que residia, ou migrava para a cidade foi embora. Restou a Macaé os problemas sociais gerados pela crise econômica. Por consequência, as ocupações de terra urbana cresceram e os moradores de rua também, assim como a criminalidade, realidade de quem paga a conta da crise.
A cidade de Macaé é o exemplo real do que virá a ser a Reforma Trabalhista votada nesta terça-feira (11) e a nova lei da terceirização já aprovada. Com vínculos empregatícios frouxos, a condição dos trabalhadores terceirizados será de acordos coletivos prejudiciais, onde irá prevalecer a soberania das empresas em prejudicar e ignorar o que foram nossos direitos trabalhistas.
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