Coluna Rádio Peão
Por: Bernardo Lima, de Belo Horizonte, MG
Nos dias 4, 5 e 6 de julho os metalúrgicos da siderúrgica francesa Vallourec (antiga Mannesmann) foram às urnas e rejeitaram uma nova proposta de banco de horas da empresa. A proposta da corporação era renovar, com cláusulas ainda piores, o acordo que permitiu a aplicação do banco de horas nos últimos anos.
O banco de horas foi aceito pelos trabalhadores no ano retrasado, logo após demissões em massa, e sob clima de terror após o fechamento de um dos alto-fornos. A Vallourec dizia não haver alternativa e, caso a proposta não passasse, o resultado seria mais demissões e fechamento de setores inteiros. A história se repetiu semana passada, mas os trabalhadores já não estavam dispostos a se deixar intimidar.
A experiência com o banco de horas foi suficiente para que os trabalhadores do chão de fábrica votassem maciçamente contra a proposta dessa vez. O banco de horas, diferente do prometido pela empresa, não impediu novas demissões, fez com que muitos trabalhassem por dois ou três e gerou superexploração com extensão da jornada e trabalho finais de semana.
O resultado da votação demonstra o grau de revolta dos trabalhadores. 1372 trabalhadores votaram pela rejeição do novo acordo, 898 votaram a favor e 30 votaram em branco, nulo ou foram considerados inválidos. Existiram três pontos de votação. No Recanto, onde vota em sua maioria o setor administrativo, foram contabilizados 274 votos pela rejeição e 424 pela aprovação do acordo; na Portaria II 741 contra e 205 a favor; e na Portaria IV 357 contra e 269 a favor. Ficou demonstrada que a votação pela renovação do acordo ficou bastante concentrada no setor administrativo.
– Recanto (majoritariamente Setor Administrativo): 424 a favor; 274 contra;
– Portaria II (majoritariamente setor produtivo): 205 a favor; 741 contra;
– Portaria IV (majoritariamente setor produtivo): 269 a favor; 357 contra
– Resultado: Rejeição da proposta por 1372 a 898.
Agora é utilizar essa grande vitória dos trabalhadores para ampliar a organização no local de trabalho e a capacidade de mobilização dos trabalhadores contra qualquer tipo de retaliação e intimidação, engajar a categoria na luta contra as reformas e pressionar por um acordo coletivo favorável no segundo semestre.
Foto: divulgação
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