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BRASIL

Belo Horizonte: Kalil cria praça de guerra contra vendedores ambulantes

Por: Izabella Lourença, de Belo Horizonte, MG

O Centro de Belo Horizonte se tornou uma verdadeira praça de guerra nesta segunda-feira (03). Após uma grande manifestação realizada pelos vendedores ambulantes da cidade, motivada pela proibição de venda de mercadorias nas ruas por parte do prefeito Alexandre Kalil (PHS), a Polícia Militar reprimiu brutalmente o movimento, com bombas de gás, tropa de choque e até um veículo blindado (caveirão).

O prefeito argumenta que realocará os vendedores para shoppings populares, mas não apresenta uma estimativa de tempo, nem de quantas pessoas poderiam vender nos locais. Além disso, não houve diálogo da Prefeitura com os vendedores ambulantes contrários à venda nestes estabelecimentos, por acreditarem não ser essa não a solução. Os vendedores não têm condições financeiras de competir com os donos das lojas instaladas nos shoppings, que são, em maioria, estrangeiros.

O protesto teve início por volta das 10h, na Rua São Paulo e foi reprimido pela Polícia Militar. Os manifestantes ocuparam, então, a Praça Sete, por volta das 11h15. Com o desemprego de 14% da população em todo país, a principal palavra de ordem do ato era “queremos trabalhar, o Kalil não quer deixar”.

O prefeito também não deixou a manifestação se prolongar. Comandada pelo governador Fernando Pimentel (PT), a tropa de choque intensificou a repressão com caveirão, muitas bombas, balas de borracha, spray de pimenta e jatos de água contra os manifestantes. Não é a primeira vez que Pimentel ordena que a PM ataque movimentos sociais. O governador já reprimiu brutalmente também a juventude na luta contra o aumento do preço da tarifa e contra a PEC do Teto, além de constantemente ameaçar as ocupações urbanas.

Horas após o término da manifestação, os ambulantes seguiram para o Ministério Público de Direitos Humanos para denunciar a violência cometida pelo Estado. Em contrapartida, a PM continua no Centro da cidade intimidando a população.

Em entrevista para a transmissão ao vivo da co-vereadora Bella Gonçalves, o trabalhador ambulante Diego afirmou que a rua é resistência. “Eles podem mexer com todo mundo, mas mexeu com a rua, mexeu com a resistência. (…) Enquanto não tiver camelô [permitido], o centro vai parar”, protestou.

Assista ao vídeo da página da vereadora Áurea Carolina

Foto de capa: Mídia Ninja