Por Carlos Daniel , da Secretaria Nacional LGBT do MAIS
Resgatar Stonewall
O StonewallInn era um bar em Nova York, frequentado por gays, lésbicas e travestis pobres, descrito como um bar sujo que vendia bebidas adulteradas. Era controlado pela máfia, já que não era permitida a existência de bares voltados a esse público: as batidas policiais eram frequentes.
No dia 28 de junho de 1969, os frequentadores do bar, diante de mais uma batida policial, resolvem reagir. A reação foi estrondosa; na rua juntou-se mais gente e barricadas foram montadas. Naquele dia, a comunidade LGBT rompeu o silencio, e o conflito durou 4 dias. O levante contou com o apoio de diversas organizações de trabalhadores e de luta por direitos civis na época, inclusive os Panteras Negras.
Mais do que um enfrentamento de 4 dias com a polícia, Stonewall é um marco pois resultou em saídas organizativas – o “Gay Liberation Front” (frente de libertação gay) e o “LesbianLiberation Front” (frente de libertação lésbica) foram importantes organizações na luta por direitos civis, e aliadas das lutas da classe trabalhadora. Após Stonewall, LGBTs não lutavam mais por “tolerância”, lutavam por direitos. Por isso, o levante de Stonewall é considerado o evento que inaugurou o movimento LGBT moderno.
O dia 28 de junho ficou lembrado como o dia internacional do Orgulho LGBT. No dia 28 de junho de 1970, um ano depois, foi realizada a primeira Parada do Orgulho LGBT, em Nova York, e no ano seguinte, 1971, as Paradas se espalharam pelos EUA e pela Europa.
Mas, hoje, passados 48 anos, nossa realidade não mudou. Vivemos num país que assassina uma LGBT por dia, com uma polícia que muitas vezes está por trás dos crimes, como no Caso da Travesti Laura Vermont. Num país cujo Congresso está infestado por uma elite que além de ser burguesa, corrupta, latifundiária, banqueira e patronal (ou, melhor, exatamente por isso) é ferozmente racista, machista e LGBTfóbica. Verdadeiros disseminadores de nossas mortes, como Feliciano, Cunha, Malafaia, Edir Macedo, Bolsonaro e o próprio Temer.
Retomar Stonewall é necessário, pois com o passar das décadas, a realidade das LGBT’s no Brasil e no mundo não mudou. Em junho passado 49 LGBTs foram assassinadas nos EUA num atentado de ódio. Na manhã de hoje, recebemos a notícia de mais uma morte, da Travesti Carla, surrada e esfaqueada em Alagoas.
Nosso espírito de Stonewall repudia qualquer ideologia que fundamente a opressão, como a de que os gêneros são construções naturais e que atentamos contra a ordem de Deus quando construímos nossa identidade fora dos padrões impostos pela sociedade.
Esta luta deve ser importante para toda a classe trabalhadora, lutamos para que a dor e a opressão às LGBT´s seja transformada em luta para toda classe. Queremos “retomar o espírito de Stonewall” construir um movimento LGBT combativo e classista.
Por isso no dia do nosso orgulho chamamos as LGBTs pra pararem o Brasil no dia 30.
Nossa luta é contra as Reformas, pelo fora Temer e também pra lembrar de Dandara, de Daniel e de todas as que tombaram. Elas estarão presentes em nossos punhos e vivas em nossas bandeiras.
Viva a Luta das LGBTs
Viva Stonewall
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